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Estado de Minas NAÇÕES UNIDAS

Guterres apoia relatório sobre violações dos DH em Xinjiang, que Pequim rechaça


01/09/2022 19:26

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apoiou nesta quinta-feira (1) o relatório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos sobre as violações dos direitos dos muçulmanos na região chinesa de Xinjiang, qualificado por Pequim de "ferramenta política" redigida por "cúmplices" ocidentais.

Guterres instou a China a "seguir as recomendações" do documento, que "confirma" o que o chefe da ONU "vem dizendo sobre Xinjiang há bastante tempo, que os direitos humanos e a comunidade uigur devem ser respeitados", disse seu porta-voz, Stéphane Dujarric, durante coletiva de imprensa.

O texto de quase 50 páginas foi rechaçado pela China. "É completamente ilegal e inválido", criticou em Pequim Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.

"Este relatório é um emaranhado de desinformação e uma ferramenta política a serviço da estratégia dos Estados Unidos e do Ocidente, que tenta utilizar Xinjiang para obstruir (o desenvolvimento de) a China", declarou.

Em Washington, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, saudou a publicação do relatório e exigiu que Pequim preste contas sobre o que qualificou de um "genocídio".

Apesar das pressões de Pequim, o escritório da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos publicou seu relatório sobre a situação em Xinjiang na noite de quarta-feira, minutos antes de sua titular, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, deixar o cargo.

Realizado a partir de entrevistas e de informações de primeira e segunda mão, o documento evoca possíveis "crimes contra a humanidade" cometidos na região.

Durante muito tempo, Xinjiang e o restante da China vêm sofrendo atentados sangrentos pelos quais o governo responsabiliza separatistas e islamitas uigures, principal grupo étnico da região.

Em resposta, as autoridades lançaram uma campanha implacável sob a marca do antiterrorismo, com uma polícia militar onipresente, controles de identidade constantes e uma ampla rede de videovigilância.

- "Conspiração" -

Estudos ocidentais acusam Pequim de ter internado mais de um milhão de uigures e membros de outros grupos muçulmanos em "campos de reeducação", e inclusive de obrigá-los a realizar "trabalhos forçados" ou "esterilizações forçadas".

A China, por sua vez, fala de "centros de formação profissional", que buscam desenvolver o emprego e erradicar o terrorismo. Também desmente qualquer prática de esterilização forçada, assegurando aplicar unicamente a política nacional de controle da natalidade.

O relatório da ONU não corrobora a cifra de um milhão de pessoas, mas afirma que "uma parte significativa" dos uigures e membros de minorias muçulmanas de Xinjiang foram internados.

Também descreve um "esquema de detenção arbitrária em larga escala" na região, "pelo menos entre 2017 e 2019", em estabelecimentos de alta segurança.

"A amplitude da detenção arbitrária e discriminatória de membros uigures e de outros grupos de maioria muçulmana (...) podem constituir crimes internacionais, em particular crimes contra a humanidade", sentencia o documento.

A alta comissária "criou este relatório do nada, apoiando-se na conspiração política de certas forças antichinesas no exterior", denunciou Wenbin.

- Denúncias "confiáveis" -

Embora não as confirme, o relatório considera "confiáveis" as acusações de tortura, violência sexual e estupros nos internatos de Xinjiang.

"Não é possível ampliar as conclusões para saber se houve esquemas mais amplos de violências sexuais", observa a ONU.

O documento tampouco retoma as acusações ocidentais sobre "trabalho forçado", mas ressalta os "elementos coercitivos" presentes no programa de promoção do emprego em Xinjiang.

A chilena Michelle Bachelet, que deixou na quarta-feira o comando do escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, cumpriu sua promessa ao publicar o relatório pouco antes da meia-noite, horário de Genebra.

A resposta da comunidade uigur não foi consensual. Alguns elogiaram o trabalho, mas outros consideraram que a condenação a Pequim foi insuficiente.

"Isto muda a resposta internacional à crise uigur", expressou o diretor-executivo do Projeto de Direitos Humanos Uigur, Omer Kanat.

O presidente do Congresso Mundial Uigur, Dolkun Isa, considerou que está se preparando o terreno para uma "ação significativa e tangível" por parte de países, empresas e da ONU. "A prestação de contas começa agora".

A União Europeia, por sua vez, saudou o documento e "ressaltou as graves violações de direitos humanos que ocorrem em Xinjiang", através de seu chefe de diplomacia, Josep Borrell.


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