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Estado de Minas MOSCOU

Morre, aos 91 anos, Mikhail Gorbachev, último dirigente soviético


30/08/2022 22:08

O último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, morreu nesta terça-feira (30), aos 91 anos, na Rússia, informou um hospital citado por agências de notícias russas.

"Hoje à noite [terça], após uma longa e grave enfermidade, Mikhail Sergeyevich Gorbachev morreu", informou o Hospital Clínico Central (TSKB, na sigla em russo), citado pelas agências Interfax, TASS e RIA Novosti.

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1990 por seu papel para pôr fim ao confronto entre o Oriente e o Ocidente no século passado, Gorbachev passou os últimos 20 anos de sua vida afastado da política, embora regularmente se fizesse ouvir, preocupado com as novas tensões com Washington.

Frequentemente, instava o Kremlin e a Casa Branca ao diálogo e a chegarem a um acordo para garantir a segurança mundial e reduzir seus arsenais, como havia feito nos anos 1980 com o então presidente americano, Ronald Reagan.

Gorbachev era o último dirigente russo ainda vivo da época da Guerra Fria, um período que parece ecoar atualmente desde a ofensiva do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro.

Embora Gorbachev não tenha falado publicamente sobre a ação militar russa na Ucrânia, sua fundação pediu "a cessação das hostilidades e o início imediato das negociações de paz".

- Legado controverso na Rússia -

Muito respeitado no exterior, em várias ocasiões recebeu elogios de grandes personalidades do mundo todo, como em seu aniversário de 90 anos, quando o presidente americano, Joe Biden, e a então chanceler alemã, Angela Merkel, o cumprimentaram.

Na Rússia, ao contrário, desde o fim da URSS, em 1991, era visto como uma figura ambivalente. Embora tenha sido quem abriu o caminho para a liberdade de expressão, para muitos foi o responsável pelo fim da superpotência e pelos anos terríveis da crise econômica que vieram a seguir.

Quando esteve no poder, entre 1985 e 1991, realizou reformas democráticas importantes, conhecidas como "perestroika" (reestruturação) e "glasnost" (transparência), que lhe valeram grande reconhecimento no Ocidente.

Suas ações provocaram a queda da "cortina de ferro", como era conhecida a antiga fronteira política e ideológica entre a Europa Ocidental e Oriental. Gorbachev também ordenou o fim da desastrosa campanha militar soviética no Afeganistão.

Os anos após a dissolução da URSS continuam a ser um trauma para muitos russos que foram mergulhados na pobreza e confrontados com o caos político e uma guerra brutal com a Chechênia.

Em 1990, obteve o Prêmio Nobel da Paz por "praticamente ter posto fim à Guerra Fria".

- Elogios internacionais -

Foi este legado o mais reconhecido por dirigentes internacionais ao saberem de sua morte.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, Gorbachev foi "um estadista único que mudou o curso da história" e "fez mais do que qualquer outro indivíduo para alcançar um final pacífico da Guerra Fria".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o destacou como um "líder digno de confiança e respeitado", que "abriu o caminho para uma Europa livre".

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, exaltou "seu compromisso incansável com a abertura da sociedade soviética".

O presidente francês, Emmanuel Macron, o destacou como um "homem de paz", cujo "compromisso com a paz mudou a história" da Europa.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou "condolências" pela morte do ex-governante.

- "Catástrofe geopolítica" -

Com a chegada ao poder em 2000 de Putin, para quem o desaparecimento da URSS é a "maior catástrofe geopolítica" do século XX, o Estado se impõe à sociedade e faz voltar a potência russa ao cenário internacional.

Para Gorbachev, as relações com os novos líderes do Kremlin sempre foram complexas, seja com o primeiro presidente russo Boris Yeltsin, seu inimigo declarado, ou com Putin, a quem criticava, mas via como uma oportunidade para um desenvolvimento estável na Rússia.

Após uma breve e frustrada tentativa de voltar à política na década de 1990, Gorbachev dedicou-se por completo a projetos educativos e humanitários. Também foi um dos primeiros apoiadores do principal jornal russo de oposição, Novaya Gazeta.

Nascido no sudoeste da Rússia em 1931, Mikhail Gorbachev passou parte da pandemia de covid-19 em um hospital russo, dizendo que, assim como muitos de seus compatriotas, estava "cansado de tudo".

Nas últimas semanas, a imprensa russa havia mencionado os recorrentes problemas de saúde do ex-líder.

Uma fonte próxima à família Gorbachev disse à agência de notícias TASS que ele seria enterrado ao lado de sua esposa Raísa no cemitério Novodevichy de Moscou.


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