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Estado de Minas PARIS

Frente de esquerda na França enfrenta desafios para permanecer unida


21/06/2022 09:39

A nova aliança de esquerda na França conseguiu fazer com que o presidente centrista Emmanuel Macron perdesse sua maioria, mas as divisões sobre questões-chave, como energia nuclear ou a União Europeia (UE), podem romper com essa frente unida.

A coalizão Juntos! de Macron tornou-se o primeiro bloco da Assembleia Nacional (câmara baixa), após a votação de domingo, mas perdeu a maioria absoluta, resultado apresentado como uma grande vitória para a esquerda.

"A derrota do partido presidencial é total", comentou no domingo Jean-Luc Mélenchon, líder da Nova União Popular Ecologista e Social (Nupes). Junto com seus aliados, conquistaram 137 das 577 cadeiras.

Os aliados ambientalistas e comunistas de seu partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical) se beneficiaram da frente única, mas sobretudo os socialistas, que evitaram um novo desastre após as eleições presidenciais de abril.

A Nupes, entretanto, não atingiu seu objetivo de tirar a maioria de Macron, o que poderia ter ajudado na coesão interna. Além disso, enfrenta a ascensão do Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen (extrema-direita), que com 89 deputados contesta a posição do principal partido da oposição e as vantagens que isso acarreta.

O revés para o presidente centrista significa que ele terá que buscar aliados para avançar em sua agenda reformista, especialmente na direita, mas também entre a esquerda moderada, como os socialistas dentro e fora da Nupes.

"Vamos tentar convencer os moderados que estão presentes no Parlamento, mesmo que não sejam muitos", disse a porta-voz do governo Olivia Grégoire na segunda-feira. A coalizão Juntos! obteve 245 deputados, a 44 da maioria absoluta.

A deputada da LFI, Mathilde Panot, descartou categoricamente na segunda-feira que a frente de esquerda trabalharia com Macron. "Temos visões de mundo muito diferentes", disse ela à rádio RTL.

- "Erro" -

Enquanto a frente de esquerda, em seu conjunto, é a principal força de oposição, o Reagrupamento Nacional é o partido de oposição com mais deputados do novo Parlamento.

Esses resultados levaram Mélenchon a propor que a Nupes formasse uma única bancada parlamentar, em vez das quatro - uma por corrente - previstas. "Se houver um grupo (...) a oposição se chamará Nupes", assegurou.

O veterano político de 70 anos justificou essa mudança dizendo que "ninguém poderia prever a situação atual", mas recebeu uma recusa clara de seus aliados.

"Descarto a fusão em um único grupo", disse o ambientalista Alain Coulombel.

"A esquerda é plural, está representada em sua diversidade na Assembleia (...) Querer apagar essa diversidade é um erro e sou contra", disse a atual líder socialista no Parlamento, Valérie Rabault.

A Nupes foi a primeira aliança de esquerdas em 25 anos e deu uma nova esperança a este espectro político, que iniciou uma travessia do deserto em 2017 após o mandato do presidente socialista François Hollande.

- "Não acaba aqui" -

No entanto, as divergências sobre a UE e a energia nuclear, que foram explicitadas e deixadas de lado no programa da Nupes, podem voltar à tona se Macron for forçado a reunir uma maioria para aprovar cada projeto.

"Existem pessoas entre os Verdes e o Partido Socialista que ainda estão interessadas em trabalhar com Macron se puderem ter algum tipo de influência na política", disse Martin Quencez, especialista do German Marshall Fund.

Para o professor do Sciences Po Grenoble, Simon Persico, a fragmentação do Parlamento e, particularmente, a presença de 89 deputados do Reagrupamento Nacional podem representar um incentivo à esquerda para que se mantenha unida.

A Nupes deve evitar "permanecer em uma lógica de divisão, para continuar mandando a mensagem de que o campo presidencial está isolado", acrescentou Persico. A aliança concordou com um grupo de coordenação para definir posições comuns.

No momento, a aliança parece determinada a se manter viva, como exemplificado em um tuíte do secretário-geral dos ambientalistas, Julien Bayou: "O que construímos não para por aqui (...) contem conosco".


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