Alguns participantes gritaram frases como "morte aos árabes" neste dia que relembra a "reunificação" da cidade, cuja parte oriental foi ocupada por Israel em 1967 e anexada em 1980.
A grande maioria da comunidade internacional nunca reconheceu o domínio israelense sobre Jerusalém Oriental.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, chamou os cânticos anti-árabes de "desgraça".
Na véspera da marcha, o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett alertou que a polícia teria "tolerância zero" para extremistas judeus que buscam aumentar as tensões.
Para este fim, cerca de 2.000 policiais foram mobilizados em toda Jerusalém e mais de 20 pessoas foram presas por desordem.
O Crescente Vermelho Palestino indicou que cerca de 40 palestinos ficaram feridos na Cidade Velha.
Antecipando os confrontos, no bairro muçulmano da Cidade Velha, a maioria das lojas fechou neste domingo e os moradores permaneceram trancados em suas casas.
Em partes de Jerusalém Oriental, muitos palestinos colocaram bandeiras palestinas nos telhados e janelas, como sinal de protesto contra esta celebração israelense. Os palestinos esperam que Jerusalém Oriental seja um dia a capital de seu futuro Estado.
Durante a marcha, milhares de participantes - a grande maioria homens judeus israelenses - passaram pelo Portão de Damasco da Cidade Velha, que é usado pelos palestinos e é um lugar muito simbólico.
"Este é o nosso país e é assim", disse à AFP Ofer Amar, um israelense de 18 anos. "Os palestinos são convidados em nosso país."
- "Provocações" -
Horas antes de começar, um líder de extrema direita israelense, Itamar Ben Gvir, e outros nacionalistas visitaram o Monte do Templo em Jerusalém Oriental.
"Vim para apoiar as forças de segurança e espero que a polícia traga ordem ao Monte do Templo (...) Hoje venho afirmar que nós, o Estado de Israel, somos soberanos aqui", disse Itamar Ben Gvir.
A Esplanada está no centro das recentes tensões israelenses-palestinas na Cidade Velha de Jerusalém. É o terceiro lugar mais sagrado para o Islã e o mais sagrado para os judeus, que o chamam de Monte do Templo. Seu status atual determina que os judeus podem entrar na Esplanada, mas não podem rezar lá.
Os palestinos denunciam como "provocações" a entrada de judeus no local, cujo acesso também é controlado pelas forças israelenses.
Neste domingo, cerca de 1.800 não muçulmanos, em sua maioria turistas e também israelenses, visitaram a esplanada, segundo a polícia.
- Temores de uma guerra-
No ano passado, no Dia de Jerusalém e após dias de confrontos entre israelenses e palestinos em Jerusalém Oriental, o movimento islâmico palestino Hamas disparou foguetes da Faixa de Gaza contra Israel que respondeu com ataques aéreos contra este enclave palestino.
Gaza é governada pelo Hamas e está sob bloqueio israelense há 15 anos. O conflito deixou 260 palestinos mortos, incluindo 66 crianças, enquanto 14 pessoas foram mortas em Israel.
O desfile representa um teste "pessoal" para Bennett, que há anos encarna a direita nacionalista israelense, segundo o jornal Yediot Aharonot.
De acordo com o analista e ex-oficial de inteligência israelense Shlomo Mofaz, Bennett está apostando que "o Hamas não tem interesse em outra guerra e agora está focado na reconstrução de Gaza". Mas se houver violência em Jerusalém e baixas palestinas, isso pode levar o Hamas ou outros grupos armados palestinos, como a Jihad Islâmica, a mudar de ideia, disse Mofaz.
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JERUSALÉM