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Estado de Minas ODESA

Cidades no sul da Ucrânia estão desfiguradas pela guerra


01/04/2022 09:59

No coração de Odessa, com seu cavalete colocado no meio do encantador calçadão Deribasovskaya e rodeado de sacos de areia, Viktor Oliynik pinta em tons pastéis a nova fisionomia da cidade, uma joia arquitetônica do sul da Ucrânia.

Tanto em Odessa como em Mykolaiv, cidade que mantém bloqueado o acesso do exército russo 130 quilômetros a leste, os habitantes possuem dificuldades em reconhecer as suas próprias cidades, desfiguradas pela guerra.

De costas para alguns dos lugares mais emblemáticos, como o antigo hotel Bolshaya Moskovskaya - também conhecido como a "Casa das caras" pela decoração de sua fachada verde Art Noveau -, Viktor Oliynik se esforça para viver nessa nova realidade.

"Estou acostumado a pintar Odessa", explica o artista, com uma barba de três dias e com um gorro preto. Apesar de tudo, desfruta da luz e da tranquilidade do final da tarde, horas antes do toque de recolher noturno.

"Aproveito essa oportunidade, nunca teria podido imaginar uma cena assim", prossegue, com um pacote de pincéis na mão, indicando os obstáculos e as fortificações ao longo da rua rodeada de um elegante jardim.

"Esta época de caos deve terminar para dar lugar a uma época de equilíbrio", profetiza com uma entonação mística.

Mais acima, na praça da catedral da Transfiguração, os homens disputam partidas de dominó, de xadrez ou de gamão, impertubáveis apesar dos esporádicos alertas aéreos.

- Desmatamento urbano -

Para Vladislav Gaydarji, um voluntário de 25 anos, "é muito doloroso" ver sua cidade tão transformada, disse o jovem que auxiliou na entrega de ajuda a hospitais e às tropas em Mykolaiv.

O voluntário afirma que alguns de seus amigos que abandonaram Odessa no começo da guerra, "não podiam acreditar no que viam" ao voltar um mês mais tarde. "Se surpreenderam ao descobrir tantas ruas bloqueadas por objetos de aço para diminuir a velocidade dos veículos", explica.

"Espero que, muito em breve, não só Odessa assim como todas as cidades ucranianas recuperem sua beleza sob a bandeira ucraniana", acrescenta.

O centro de Mykolaiv, cidade bombardeada durante semanas pelo exército russo, não apresenta muitos vestígios visíveis, com exceção de um disparo de míssil na terça-feira que atingiu a sede do governo regional, deixando 28 mortos, de acordo com o último balanço.

Há várias semanas, o ruído das serras elétricas ressoa nos grandes eixos. Centenas de árvores enormes são derrubadas nas avenidas e depois cortadas no local.

A falta de um anúncio oficial faz os habitantes especularem sobre os motivos dessa campanha de deflorestação urbana.

Segundo uma florista poderia ser para previnir as alergias da estação, para expandir as vias da cidade com fins militares ou para evitar que a queda das árvores arranquem os cabos de energia.

Porém, um empregado dos serviços de emergência, Pavel Katsan, que participa do corte das árvores, assegura conhecer a razão. "Cortamos essas árvores para proporcionar lenha aos homens da defesa territorial", a quem numerosos voluntários civis se uniram desde o início da invasão russa, explica.

"Também sacrificamos uma parte para evitar as alergias na primavera", confirma, "mas esse ano é especial".


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