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Estado de Minas VIENA

Áustria e Suécia, os dois modelos propostos pela Rússia à Ucrânia


16/03/2022 12:05

Áustria e Suécia são dois países que não pertencem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), cujo "status" de neutralidade foi citado pela Rússia como exemplo a ser aplicado na Ucrânia, embora, desde a invasão russa a este país, questionem a viabilidade do modelo.

O governo ucraniano já rejeitou a proposta, pedindo "garantias absolutas de segurança" contra a Rússia.

- Áustria agarrada à sua neutralidade

"A neutralidade faz parte da identidade austríaca", lembra Martin Senn, cientista político da Universidade de Innsbruck.

Imposto em 1955 pelos soviéticos que ocuparam o país ao lado de ocidentais, esse "status" fez da Áustria, aliada de Hitler, palco de encontros históricos.

Foi lá que Nikita Khrushchov apertou a mão de John Kennedy, em 1961, e Brezhnev a de Carter, em 1979, e onde a ONU, como outras instituições internacionais, instalou uma de suas sedes.

Desde então, o governo de Viena defende a paz no mundo e continua sendo o marco de muitas negociações multilaterais.

A Áustria não é mais, porém, totalmente imparcial. Em 1995, aderiu à União Europeia (UE) e participa da segurança e da defesa comum prevista no Tratado de Lisboa, de 2009.

Segundo Martin Senn, o país nunca "discutiu realmente" a neutralidade, e agora está surgindo um debate "urgente".

A Rússia, com quem a Áustria mantém, tradicionalmente, relações estreitas, criticou a "neutralidade de fachada" de Viena, ao apoiar a causa ucraniana, como todos os outros países ocidentais - com algumas exceções, como a Sérvia.

"Foi preciso uma guerra atroz a algumas centenas de quilômetros para pararmos de ser ingênuos", disse Christian Rainer, em um artigo de opinião no semanário "Profil".

A Áustria é um dos países da União Europeia que menos gastam em defesa, apenas 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB). O Governo já anunciou que quer chegar a 1%, tal como a vizinha Suíça, que tem o triplo do número de soldados, combatentes, ou tanques, e também debate sua neutralidade na guerra da Ucrânia.

O chefe de governo austríaco, Karl Nehammer, um militar de carreira, recusa-se, porém, a abrir este debate por enquanto e garante que "a Áustria permanecerá neutra".

Quanto à adesão à Otan, quatro em cada cinco austríacos são contra, de acordo com uma pesquisa recente.

- Debate na Suécia -

A Suécia se considera não alinhada em tempos de paz e, em tempos de guerra, aspira à neutralidade.

Em 1992, no final da Guerra Fria, abandonou sua política de estrita neutralidade e, três anos depois, em 1995, aderiu à UE.

A Suécia é um dos poucos países da Europa que não estiveram em guerra em mais de dois séculos. Não é membro da Otan, embora seja parceira da aliança militar desde a década de 1990.

Tendo reduzido drasticamente seus gastos militares, que passaram de quase 4% do PIB nas décadas de 1960 e de 1970 para pouco mais de 1% no início de 2010, entrou em uma fase de investimentos massivos na esteira da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.

Agora, após a invasão da Ucrânia, a Suécia quer chegar a 2% do PIB o mais rápido possível, provavelmente até 2030.

E, pela primeira vez, a maioria dos suecos é a favor da adesão à Otan. A primeira-ministra sueca, a socialdemocrata Magdalena Andersson, já fechou a porta para essa possibilidade por medo de "desestabilizar" a situação no norte da Europa.


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