O governo ucraniano já rejeitou a proposta, pedindo "garantias absolutas de segurança" contra a Rússia.
- Áustria agarrada à sua neutralidade
"A neutralidade faz parte da identidade austríaca", lembra Martin Senn, cientista político da Universidade de Innsbruck.
Imposto em 1955 pelos soviéticos que ocuparam o país ao lado de ocidentais, esse "status" fez da Áustria, aliada de Hitler, palco de encontros históricos.
Foi lá que Nikita Khrushchov apertou a mão de John Kennedy, em 1961, e Brezhnev a de Carter, em 1979, e onde a ONU, como outras instituições internacionais, instalou uma de suas sedes.
Desde então, o governo de Viena defende a paz no mundo e continua sendo o marco de muitas negociações multilaterais.
A Áustria não é mais, porém, totalmente imparcial. Em 1995, aderiu à União Europeia (UE) e participa da segurança e da defesa comum prevista no Tratado de Lisboa, de 2009.
Segundo Martin Senn, o país nunca "discutiu realmente" a neutralidade, e agora está surgindo um debate "urgente".
A Rússia, com quem a Áustria mantém, tradicionalmente, relações estreitas, criticou a "neutralidade de fachada" de Viena, ao apoiar a causa ucraniana, como todos os outros países ocidentais - com algumas exceções, como a Sérvia.
"Foi preciso uma guerra atroz a algumas centenas de quilômetros para pararmos de ser ingênuos", disse Christian Rainer, em um artigo de opinião no semanário "Profil".
A Áustria é um dos países da União Europeia que menos gastam em defesa, apenas 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB). O Governo já anunciou que quer chegar a 1%, tal como a vizinha Suíça, que tem o triplo do número de soldados, combatentes, ou tanques, e também debate sua neutralidade na guerra da Ucrânia.
O chefe de governo austríaco, Karl Nehammer, um militar de carreira, recusa-se, porém, a abrir este debate por enquanto e garante que "a Áustria permanecerá neutra".
Quanto à adesão à Otan, quatro em cada cinco austríacos são contra, de acordo com uma pesquisa recente.
- Debate na Suécia -
A Suécia se considera não alinhada em tempos de paz e, em tempos de guerra, aspira à neutralidade.
Em 1992, no final da Guerra Fria, abandonou sua política de estrita neutralidade e, três anos depois, em 1995, aderiu à UE.
A Suécia é um dos poucos países da Europa que não estiveram em guerra em mais de dois séculos. Não é membro da Otan, embora seja parceira da aliança militar desde a década de 1990.
Tendo reduzido drasticamente seus gastos militares, que passaram de quase 4% do PIB nas décadas de 1960 e de 1970 para pouco mais de 1% no início de 2010, entrou em uma fase de investimentos massivos na esteira da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
Agora, após a invasão da Ucrânia, a Suécia quer chegar a 2% do PIB o mais rápido possível, provavelmente até 2030.
E, pela primeira vez, a maioria dos suecos é a favor da adesão à Otan. A primeira-ministra sueca, a socialdemocrata Magdalena Andersson, já fechou a porta para essa possibilidade por medo de "desestabilizar" a situação no norte da Europa.
VIENA