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Estado de Minas GENEBRA

ONU denuncia crimes contra Humanidade em Mianmar


15/03/2022 10:22

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciou, nesta terça-feira (15), os massacres em Mianmar e acusou o exército de possíveis crimes contra a Humanidade e crimes de guerra após o golpe de Estado do ano passado.

Em um relatório que cobre o período após o golpe de Estado - iniciado em 1 de fevereiro de 2021 -, o Comissariado pede à comunidade internacional que adote medidas imediatas para conter a espiral de violência em Mianmar.

"Conseguimos identificar a existência de um padrão de comportamento ao longo do último ano que mostra ataques sistemáticos, coordenados e planejados, e há sinais claros de que podem configurar crimes contra a Humanidade e crimes de guerra", declarou a porta-voz do organismo, Ravina Shamdasani, na apresentação do relatório.

Em comunicado, a alta comissária Michelle Bachelet denunciou "a terrível magnitude das violações do direito internacional sofridas pelo povo de Mianmar" e exigiu "uma resposta internacional firme, unida e determinada".

A ex-presidente chilena acusou o exército birmanês de cometer "violações sistemáticas e generalizadas e ataques aos direitos humanos" e de mostrar "desrespeito flagrante pela vida humana".

Algumas violações "podem ser equiparadas a crimes de guerra e crimes contra a Humanidade", estimou a ONU, que tem o costume de deixar para os tribunais decidir.

Mais de um ano após o golpe que derrubou Aung San Suu Kyi e encerrou um hiato democrático de 10 anos, Mianmar continua mergulhada no caos.

Milícias contrárias à junta no poder pegaram em armas contra os generais, que asfixiam violentamente qualquer oposição.

Shamdasani ressaltou ainda que antes do golpe, o Alto Comissariado já havia notado que as Forças Armadas birmanesas "cometeram crimes contra a humanidade pelo tratamento dispensado aos rohingyas", a minoria muçulmana do país.

O golpe de 1º de fevereiro de 2021 desencadeou protestos em massa e uma sangrenta repressão que deixou mais de 1.500 civis mortos e quase 12.000 presos, segundo uma ONG local.

O relatório da ONU, por sua vez, menciona 1.600 pessoas mortas e mais de 12.500 presas.

Além disso, pelo menos 440.000 outras pessoas foram deslocadas e 14 milhões precisam de ajuda humanitária de emergência, mas a entrega dessa assistência continua em grande parte bloqueada pelo Exército, segundo a ONU.

A maioria das violações de direitos humanos documentadas foi cometida pelas forças de segurança, mas acredita-se que pelo menos 543 pessoas também foram mortas por seu suposto apoio ao Exército, segundo o relatório.

O Alto Comissariado acusa as Forças Armadas de bombardear áreas habitadas e atingir civis, "muitos dos quais foram baleados na cabeça, queimados vivos, presos arbitrariamente, torturados ou usados como escudos humanos".

E relata "assassinatos em massa", principalmente em julho passado na região de Sagaing, onde soldados "mataram 40 pessoas durante vários ataques".

"Os aldeões encontraram os corpos de algumas vítimas, com mãos e pés ainda amarrados atrás das costas", disse o Alto Comissariado.

O relatório é baseado em entrevistas com mais de 155 pessoas, incluindo vítimas e testemunhas, cujos relatos foram corroborados por imagens de satélite e outras fontes.


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