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Estado de Minas guerra na Europa

ONU e Haia aumentam pressão sobre Moscou

Assembleia-Geral extraordinária mostra isolamento diplomático da Rússia e Tribunal Penal Internacional anuncia investigação contra país


01/03/2022 04:00

primeiro dia da rara assembleia das Nações Unidas
No primeiro dia da rara assembleia das Nações Unidas, representantes de Ucrânia e Rússia trocaram acusações, e maioria dos discursos condenou a invasão ao país do Leste Europeu (foto: Michael M. Santiago/Getty Images/AFP )

A sessão emergencial da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o conflito na Ucrânia, iniciada ontem, e a abertura de investigação sobre crimes de guerra contra a Rússia pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, marcam a movimentação político-diplomática em represália contra a invasão russa na Ucrânia. A convocação da Assembleia-Geral da ONU em caráter emergencial é um evento raro em 50 anos e foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em resposta ao veto russo a uma resolução que exigia a retirada imediata das tropas do território ucraniano. Os discursos contrários à investida russa dominaram as falas no primeiro dia da reunião, que prossegue hoje.

Já o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou ontem a abertura o “mais rápido possível” de uma investigação sobre a situação na Ucrânia, mencionando “crimes de guerra” e “crimes contra a humanidade”. “Estou convencido de que há uma base razoável para acreditar que supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade foram cometidos na Ucrânia” desde 2014, declarou o procurador do TPI, Karim Khan, em comunicado.

O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, denunciou que a Rússia teria cometido crimes de guerra durante os combates. Segundo ele, civis, hospitais, escolas, orfanatos e até ambulâncias foram alvos das tropas russas. “Os conflitos têm paralelos que podem ser feitos com a 2ª Guerra Mundial. A Rússia comete crimes de guerra”, afirmou o diplomata ucraniano. Segundo ele, são ao menos 5 mil mortos, entre civis e soldados.

Kyslytsya afirmou que a ONU precisa conter a ações de Putin. “Temos que exigir que as forças russas saiam imediatamente da Ucrânia”, argumentou. “O momento de agir é agora. Se a Ucrânia não sobreviver, a paz mundial não sobreviverá. Não se iludam”, acrescentou. O embaixador pediu também a punção de Belarus. O país comandado pelo ditador Aleksandr Lukashenko também fez ataques à Ucrânia e cedeu a fronteira para a invasão russa.

O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, falou logo após o diplomata ucraniano. Ele rebateu as falas do homólogo e defendeu o prisma russo da situação. Segundo ele, o conflito começou após “sabotagens” ucranianas a acordos entre os dois países. “A Ucrânia está pedindo sua adesão à Otan rompendo (leis da ONU) e colocando a Rússia em risco”, resumiu. Ele acrescentou: “A operação da Rússia exerce o direito pela autodefesa”. Para Nebenzya, o “Ocidente tem incitado os ucranianos”. “Pedidos que a Ucrânia não entrasse na Otan. Estendemos a nossa mão, mas fomos ignorados”, reclamou. Ele desmentiu o embaixador ucraniano. “Forças russas não estão atacando áreas civis. A infraestrutura ucraniana não está sendo atacada”, salientou.

Na abertura da reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, adotou um tom duro quanto aos bombardeios e ataques em áreas com alto número de civis. “A escalada desta violência que resultou em mortes de civis, incluindo  crianças, é totalmente inaceitável. Basta! Os soldados devem voltar aos seus quartéis e deve haver conversação em prol da paz”, convocou. Para ele, a crise atual é uma ameça generalizada aos países da Europa. “Estamos enfrentando uma tragédia para a Ucrânia, mas também uma enorme crise regional com consequências para todos nós. As forças nucleares russas estão em estado de alto alerta, isso é muito preocupante. A simples ideia de um conflito nuclear é algo inconcebível. Nada pode justificar o uso das armas nucleares”, afirmou.

Solução coletiva 

“É imperativo que falemos em nome das mulheres, crianças e homens que se encontram aprisionados na linha de fogo, é imperativo que busquemos todos os canais disponíveis para conter a situação, desescalar as tensões e buscar uma solução pacífica em conformidade com o direito internacional e os princípios da Carta das Nações Unidas. Não há ganhadores, senão incontáveis vidas perdidas, destroçadas”, declarou durante o discurso de abertura Abdulla Shahid, presidente da 76ª sessão da Assembleia-Geral Extraordinária da ONU.

“Lembremo-nos de que fundamos as Nações Unidas para manter a paz e a segurança internacional e, com esse fim, tomar medidas coletivas efetivas para a prevenção e eliminação das ameaças à paz e para trazer, com meios pacíficos, uma justa solução das controvérsias internacionais”, continuou. Shahid disse que a negociação em Belarus dá um raio de esperança em meio ao caos provocado pela guerra.

“Não há nada a ganhar” com uma nova Guerra Fria, declarou o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, ontem, ao tomar a palavra na excepcional reunião de urgência da Assembleia-Geral da organização, que deve se pronunciar sobre a invasão russa da Ucrânia. “A Guerra Fria acabou há muito tempo. A mentalidade da Guerra Fria baseada no confronto de blocos deve ser abandonada. Não há nada a ganhar com o início de uma nova Guerra Fria”, frisou Zhang.

Aproximadamente, 110 países se inscreveram para discursar. O encontro acabou após o discurso de número 45, feito pelo Chile. A Assembleia retoma hoje com o discurso do Paraguai. Os EUA são o número 112 na lista. A ideia principal é votar, até quarta-feira, uma resolução que condene a invasão da Rússia à Ucrânia. O encontro só havia sido convocado de forma emergencial 10 vezes desde 1950. A última delas ocorreu em 1997.

enquanto isso...

…EUA expulsam 12 iplomatas russos

Doze membros da missão diplomática da Rússia na ONU receberam ordens para deixar os Estados Unidos até 7 de março, afirmou ontem o embaixador da Rússia na organização. Vassily Nebenzia disse a repórteres em uma coletiva de imprensa na sede da ONU em Nova York que tinha acabado de ser informado sobre a expulsão. Em um comunicado, a porta-voz da missão dos EUA na ONU confirmou a informação. “Estamos iniciando o processo de expulsão de 12 agentes de inteligência da missão russa que abusaram de seu status diplomático nos Estados Unidos envolvendo-se em atividades de espionagem contrárias à nossa segurança nacional”, declarou. Em reação, o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, denunciou como "hostil" a decisão do governo americano. Ele fez um comunicado no Facebook, em que afirma que a medida causou “profunda decepção” e “rejeição absoluta” em Moscou.



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