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Estado de Minas BERLIM

Berlinale mostra duas formas de filmar a violência no México


11/02/2022 18:14

A Berlinale mostrou esta semana duas formas diferentes de narrar cinematicamente a violência no México, com "Manto de gemas" de Natalia López Gallardo, que concorre ao Urso de Ouro, e "El Norte sobre el vacío", de Alejandra Márquez Abella.

"Manto de gemas" é o primeiro longa-metragem de López Gallardo, atriz e autora de curtas-metragens. Filmado em Morelos (centro), conta como três mulheres enfrentam decisões transcendentais: Quando devemos parar de procurar os desaparecidos?

Como evitar que os jovens caiam na tentação do crime organizado? "El Norte sobre el vacío" se passa no norte do país: um fazendeiro decadente, Don Reynaldo, é visitado por dois criminosos que lhe oferecem "proteção" em troca de dinheiro.

Isolado e com pouco apoio dos seus, ele deve tomar uma decisão: enfrentar ou abaixar a cabeça? "Manto de gemas" é um filme quase documental: não há trilha sonora, os diálogos são esparsos, luz natural o tempo todo e enquadramento sóbrio e austero.

Os personagens (principalmente atores locais) falam quase em sussurros, um eufemismo em um México tomado pela violência, que explode em flashes de grande impacto visual. López Gallardo opta por não explicar uma história precisa, mas seus fragmentos.

Isabel (interpretada por Nailea Norvind), recém-divorciada, quer ajudar Maria, que está procurando sua irmã desaparecida, mesmo que isso possa colocar em risco sua própria vida.

Nessa estrada, ela se depara com uma policial que luta para evitar que seu filho caia nas garras dos traficantes de drogas. "Para mim foi muito difícil colocar palavras na boca de Maria, ou da policial.

Então, depositei toda a minha confiança na linguagem cinematográfica", explicou a diretora.

Seus personagens optam por enfrentar o perigo, mas López Gallardo (que também assina o roteiro de "Manto de gemas") se recusa voluntariamente a explicá-lo com um fio condutor.

O filme avança, mas Gallardo revela que foi cuidadosamente planejado.

"Encontrei uma linha muito tênue entre vítimas e agressores", explicou. "O México é um país complexo. É preciso abordá-lo de forma abstrata", disse.

- "Western emocional" -

"El Norte sobre el vacío" estreou na seção Panorama. Também mostra personagens obscuros, nem totalmente culpados nem inocentes, presos em um emaranhado de medos, necessidades, desejos.

"O filme é inspirado em um caso real, de um homem que defendeu seu rancho de um grupo criminoso. Ele os atacou de pijama", explicou a diretora à AFP. Dom Reynaldo beira o despotismo com os trabalhadores de sua fazenda e não consegue demonstrar ao filho o amor que tem por ele.

Como em um filme de faroeste da era clássica de Hollywood, o drama se constrói aos poucos, até o desfecho final. O desenvolvimento do filme foi totalmente ao contrário: uma ideia dos produtores, captada pela diretora.

Há trilha sonora, encenação cuidadosa, atores conhecidos, como o próprio Don Rey, interpretado por Gerardo Trelojuna. Os personagens se revelam através do diálogo.

Algo incomum, ambos os filmes compartilham um ator em papéis muito semelhantes: o jovem Juan Daniel García Treviño.

Márquez Abella se declara fã da "Nouvelle Vague" francesa, mas admite que entregou um filme clássico.

"Sinto que é um pouco mais solto do que eu imaginava. Comecei dizendo que era um 'western vegano', mas agora estou dizendo que é um 'western emocional'", ri.


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