Dick afirmou em um comunicado que não tinha "outra opção além de renunciar", depois que o prefeito da capital britânica, Sadiq Khan, afirmou que não tinha mais confiança na funcionária.
"Está claro que o prefeito não confia mais na minha liderança para continuar", disse, acrescentando que continuaria no cargo até a nomeação de um sucessor.
A polícia londrina também foi alvo de duras críticas por não ter investigado as festas em Downing Street e os círculos do poder apesar das restrições sanitárias, um escândalo que ameaça a sobrevivência do primeiro-ministro, Boris Johnson.
Em um tuíte, o chefe do governo agradeceu Cressida Dick por "proteger os cidadãos e tornar nossas cidades mais seguras".
"Cressida serviu seu país com grande dedicação e distinção durante muitas décadas", reforçou.
A demissão da funcionária, de 61 anos, ocorre após a publicação, em 1º de fevereiro, de um relatório condenatório da IOPC, o gabinete de assuntos internos da polícia britânica.
A IOPC revisou milhares de mensagens trocadas por policiais nas redes sociais, "muitas das quais eram altamente sexualizadas, discriminatórias ou faziam referência à violência".
Incluíam referências diretas ao estupro, usavam linguagem homofóbica ou racista e continuam alusões ao campo de extermínio nazista de Auschwitz.
Dos 14 policiais incriminados, a maioria da delegacia de Charing Cross, no centro de Londres, nove continuam em serviço. Muitos minimizaram as mensagens, afirmando que eram brincadeiras.
- Restabelecer a confiança -
Uma investigação foi aberta inicialmente em 2018 contra um policial suspeito de manter relações sexuais com uma pessoa embriagada em uma delegacia. Posteriormente, foi ampliada.
Em um comunicado nesta quinta-feira, o prefeito de Londres se disse "insatisfeito" com a resposta de Dick diante da magnitude da mudança que, segundo ele, seria necessária "urgentemente" para "restabelecer a confiança" dos londrinos e acabar com o "racismo, o sexismo, a homofobia, o assédio, a discriminação e a misoginia que ainda existem" na corporação policial da capital.
Nomeada em 2017, Dick foi a primeira mulher a comandar a Scotland Yard.
Após o estupro e assassinato de Sarah Everard, uma mulher londrina, por um policial, em março de 2021, um caso que chocou o Reino Unido, a polícia foi acusada de ter ignorado uma série de sinais alarmantes sobre o comportamento do autor destes atos.
A força também foi criticada pela dura intervenção para dissolver uma manifestação em homenagem à vítima ou depois que dois policiais se fotografaram no local de um duplo homicídio e compartilharam as imagens.
Desde que chegou à chefia da polícia de Londres, Cressida Dick teve que enfrentar uma série de atentados jihadistas em 2017, o incêndio mortal da Torre Grenfell (71 mortos), além de "manifestações difíceis", "a pandemia" e "o assassinato de agentes em serviço", lembrou.
"Estou incrivelmente orgulhosa da minha equipe e de tudo o que conseguiram", assegurou.
LONDRES