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Estado de Minas PARIS

França busca impedir protesto em Paris inspirado nos caminhoneiros do Canadá


10/02/2022 15:45

Os "comboios da liberdade" na França, inspirados no movimento lançado no Canadá contra as medidas anticovid, serão proibidos de protestar em Paris para evitar o bloqueio da capital, anunciaram as autoridades nesta quinta-feira (10), a dois meses da eleição presidencial.

Quando vários comboios entraram em Paris vindos de cidades como Nice, Baiona ou Perpignan, este movimento está na mira das autoridades por sua possível aproximação com o protesto social dos "coletes amarelos", que abalou a França em 2018 e 2019.

As forças de segurança lançarão "um dispositivo específico" de sexta a segunda-feira "para impedir o bloqueio de ruas, para multar e para deter quem violar essa proibição", anunciou a prefeitura da polícia de Paris, que pediu "firmeza" aos agentes.

"Iremos à capital aconteça o que acontecer", afirmou à AFP Adrien Wonner, um lixeiro de 27 anos de Normandia (oeste), para quem o objetivo é "ser ouvido" e "não bloquear". O advogado Juan Branco recorreu da decisão na justiça, que examinará o caso na tarde de sexta-feira.

Segundo fontes policiais, cerca de 1.600 pessoas participaram dos diferentes comboios na quinta-feira, muitos dos quais percorrerão apenas alguns trechos. Sua chegada está prevista para sexta-feira e, embora queiram seguir o protesto na segunda em Bruxelas, a capital belga também a proibiu.

No Canadá, este movimento, que se estendeu também para a Nova Zelândia, bloqueia há quase duas semanas no centro da capital Ottawa, em protesto contra as medidas anticovid, embora sua crítica inicial tenha sido a vacinação obrigatória para caminhoneiros.

A dois meses da eleição presidencial, um dos temores na França é que o protesto se amplie também para a questão do poder de compra, a principal preocupação dos franceses segundo as pesquisas e que já encorajou os "coletes amarelos".

Rémi Monde, um dos precursores do movimento, disse à AFP que sua principal reivindicação é a retirada "de todas as medidas de coação ou pressão vinculadas à vacinação", mas também mencionou o poder aquisitivo e o preço da energia.

"Estão nos roubando muitas liberdades, com base em pretextos que não têm nada de científicos, muito menos médicos", disse à AFP Xavier Le Gregam, um aposentado que participa do comboio de carros e caravanas que partiu nesta quinta-feira de Brest (oeste).

Mesmo que os protestos contra as restrições tenham sido minoritários em dois anos de crise, uma pesquisa em meados de janeiro de IFOP para o Le Journal du Dimanche aponta que somente 58% dos franceses -- principalmente simpatizantes do governo-- apoia o passaporte de vacinação.

- "Sucesso virtual" -

"Na França, como no resto do mundo, movimentos políticos, com frequência radicais, têm tentando capitalizar [o] cansaço" com a crise da covid-19, advertiu na quarta-feira o porta-voz do governo, Gabriel Attal, ao anunciar o possível fim do passaporte vacinal para o começo de abril.

Mas em pleno período eleitoral, a oposição não hesitou em se pronunciar. A candidata de extrema direita Marine Le Pen disse "entender" o novo movimento e a esquerda radical da França Insubmissa pediu adesão.

Em nota na segunda-feira, os serviços de Inteligência indicaram que o movimento pode dar "um novo impulso" aos "coletes amarelos", aos conspiracionistas e aos contrários ao passaporte sanitário, mas destaca que seu "sucesso é virtual", segundo a rádio pública France Info.

Milhares de opositores ao passaporte da vacinação, que permite acessar bares e locais de lazer na França, de fato manifestaram nas redes sociais seu apoio ao movimento, cujos organizadores se reivindicam como "coletes amarelos".

Este protesto, que surgiu da alta de preços dos combustíveis para se tornar uma revolta contra o presidente Emmanuel Macron, ficou gravado na memória coletiva, sobretudo pelas imagens de saques na avenida parisiense Champs Elysées e inclusive no Arco do Triunfo.

Diante da alta global dos preços da energia, o governo do presidente liberal anunciou nas últimas semanas medidas para aliviar o orçamento das famílias, com uma indenização única de 100 euros para 38 milhões de franceses.


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