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Estado de Minas YANGON

Manifestantes de Mianmar desafiam junta militar com greve um ano após o golpe


01/02/2022 12:09

As ruas das grandes cidades de Mianmar ficaram vazias nesta terça-feira (1) e, de suas casas, os moradores aplaudiram para desafiar a junta, no primeiro aniversário do golpe de Estado militar que afundou o país na violência.

Yangon, a capital econômica do país estava deserta e muitos estabelecimentos comerciais permaneceram fechados. A convocação de uma greve silenciosa, por opositores do regime, teve grande adesão em todo o país, do estado de Shan (leste) ao estado Kachin (norte), passando por Mandalay (centro).

"O silêncio é o grito mais forte que podemos dar contra os soldados e a violenta repressão", escreveu uma opositora no Twitter.

Nas redes sociais foram divulgadas imagens de birmaneses em suas casas fazendo a saudação com três dedos, um gesto resistência.

Durante a tarde foram ouvidos muitos aplausos em vários bairros de Yangon e Mandalay para marcar o fim do protesto silencioso.

As autoridades advertiram que estas ações poderiam ser classificadas como alta traição, um crime que pode resultar em penas de muitos anos de prisão. Em Yangon, 10 pessoas foram detidas, segundo a imprensa local.

De modo paralelo, houve manifestações pró-militares em regiões não especificadas, segundo vídeos sem data divulgados pelas autoridades. Partidários do regime exibiram a bandeira nacional e denunciaram as "Forças de Defesa do Povo", milícias cidadãs que executam operações de guerrilha contra as forças de segurança.

Um ataque com bomba contra uma manifestação pró-militar em Tachile (leste) causou várias vítimas, informou a mídia local, sem fornecer um balanço exato. Até o momento, a AFP não pôde comprovar essas informações.

O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, insistiu que o golpe foi provocado por uma fraude nas eleições de 2020 vencidas pelo partido de Suu Kyi e consideradas justas pela comunidade internacional.

Também repetiu o compromisso de celebrar eleições "livres e justas" em agosto de 2023 caso a estabilidade tenha sido restabelecida.

- "Crimes contra a humanidade" -

O golpe de Estado foi seguido por protestas e uma campanha de desobediência civil, que tiveram uma resposta violenta dos militares, uma repressão que deixou mais de 1.500 civis mortos e 9.000 ainda detidos, segundo uma ONG local.

Diante da espiral da violência, a pressão aumenta contra a junta, que é investigada pela ONU por crimes contra a humanidade.

"A justiça internacional tem uma memória muito longa e um dia os autores dos mais graves crimes internacionais cometidos em Mianmar serão responsabilizados", alertou Nicholas Koumjian, diretor do Mecanismo de Investigação Independente das Nações Unidas para Mianmar.

De acordo com o diretor, os relatórios do último ano "sugerem que mais de 1.000 pessoas foram assassinadas em circunstâncias que podem ser classificadas como crimes contra a humanidade ou crimes de guerra".

Estados Unidos, Reino Unido e Canadá anunciaram sanções coordenadas contra autoridades do país.

"Enquanto o regime privar o povo de Mianmar de sua voz democrática, faremos com que os militares e seus apoiadores paguem por isso", alertou o presidente americano Joe Biden.

Londres "sempre defenderá o direito à liberdade (...) Faremos com que este regime brutal e opressivo seja responsabilizado", afirmou a ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss.

- Embargo de armas -

Desde o golpe militar que acabou com uma década de democracia, Aung San Suu Kyi, de 76 anos, está em prisão domiciliar em um local secreto.

A líder civil, vencedora do Nobel da Paz de 1991, já foi condenada a seis anos de prisão pelas acusações de importação ilegal de (walkie-talkies), incitação contra os militares e violação das restrições anticovid.

Suu Kyi enfrenta outras acusações por suposta pressão à comissão eleitoral durante a votação de 2020, informou uma fonte que acompanha o caso. O julgamento deve durar seis meses.

Em uma declaração conjunta, os ministros das Relações Exteriores da Austrália, Estados Unidos e da União Europeia pediram à comunidade internacional para acabar com "fluxo de armas" para Mianmar.

Muitos analistas, no entanto, consideram as declarações muito superficiais e pedem ao Conselho de Segurança da ONU que decrete um embargo mundial contra a venda de armas ao país asiático.

"Não é o momento da retórica, e sim de uma ação significativa", disse Tom Andrews, relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos em Mianmar.

Ao mesmo tempo, a Organização das Nações Unidas pediu nesta terça-feira um financiamento recorde, de 826 milhões de dólares, para atender às necessidades de 6,2 milhões de pessoas em Mianmar este ano.


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