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Estado de Minas NOUMÉA

Nova Caledônia vota 'não' em referendo de independência da França


12/12/2021 12:53

O território francês de Nova Caledônia, situado no Oceano Pacífico, votou "não" no terceiro e último referendo de independência da França, realizado neste domingo (12), uma consulta marcada pela abstenção recorde após os pedidos de boicote dos independentistas.

De acordo com os resultados oficiais definitivos, o "não" venceu por 96,49% dos votos, enquanto o "sim" ficou com 3,51%. Os votos brancos e nulos somaram 2,99%.

A participação foi de 43,90%, uma queda expressiva em comparação com os índices de abstenção apresentados nos referendos anteriores.

"A França fica mais bonita porque Nova Caledônia decidiu ficar", disse o presidente francês Emmanuel Macron, após a divulgação dos resultados.

Em um pronunciamento solene no Palácio do Eliseu, Macron pediu que os resultados sejam recebidos de maneira "respeitosa e humilde", assinalando que "o eleitorado se manteve profundamente dividido" no arquipélago.

Os mais de 184 mil eleitores do arquipélago, situado cerca de 2.000 quilômetros a leste da Austrália, estavam convocados a responder à pregunta: "Você quer que Nova Caledônia obtenha sua soberania absoluta e seja independente?"

Este é o terceiro referendo desde os Acordos de Matignon de 1988, que buscavam encerrar uma crise entre nativos e descendentes de colonos. Nas duas anteriores, em 2018 e 2020, o "não" também venceu.

Os partidos independentistas pediram que a população boicotasse o referendo, pois haviam pedido o adiamento da consulta, e isso favoreceu os partidários à permanência como território da França.

"Este referendo não tem muito sentido porque metade da população decidiu não votar", afirmou Cathy, uma livreira em Nouméa.

As filas na abertura das seções eleitorais esvaziaram rapidamente, devido à baixa adesão dos eleitores. As autoridades mobilizaram um dispositivo de segurança com 2.000 agentes na ilha.

Essa presença "é uma provocação para os jovens", disse à AFP um morador de Saint-Louis, uma aldeia de nativos situada nos arredores de Nouméa, que foi palco de fortes incidentes no primeiro referendo.

A terceira consulta de independência acontece em um momento de muita tensão entre a França e seus aliados na região do Pacífico. Paris quer continuar tendo um papel relevante ali, graças a seus territórios ultramarinos, entre eles Nova Caledônia.

O presidente Emmanuel Macron insiste que o governo francês não toma partido no referendo e prometeu "uma vida em comum" entre França e Nova Caledônia, independentemente do resultado.

Por trás dessa disputa está o papel da China na região. Os analistas suspeitam que uma Nova Caledônia independente poderia se aproximar da China, que tem a intenção de investir na exploração dos recursos naturais do arquipélago.

Pequim já é o maior cliente para a exportação de metais de Nova Caledônia, em especial o níquel.

- 'Colar de pérolas' chinês -

"Com o fim da proteção francesa, aparecem todos os elementos para que a China se estabeleça permanentemente em Nova Caledônia", opina Bastien Vandendyck, analista de Relações Internacionais especializado no Pacífico.

Vandendyck considera que outras nações da região da Melanésia, como Fiji, Vanuatu, Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné, já são "satélites chineses".

"Para a China completar seu 'colar de pérolas' em torno da Austrália só falta a Nova Caledônia", afirma o especialista.

Os partidários da independência pediram um boicote à votação e o adiamento da mesma porque não houve uma "campanha justa" por causa dos riscos da pandemia de coronavírus, mas o governo francês rejeitou o adiamento.

"Para nós, é um dia normal", disseram alguns jovens em Montravel, um popular bairro da etnia kanak no norte de Nouméa, sobrevoado por helicópteros policiais e com seções de votação praticamente vazias.

As autoridades do arquipélago também emitiram um alerta de ciclone no sábado (11), e pediram que a população ficasse atenta aos boletins meteorológicos.

Os defensores da permanência como território da França convocaram uma mobilização maciça diante do boicote dos independentistas, para evitar que sua previsível vitória ficasse manchada pela baixa participação.

Em 2018, os defensores da permanência como território francês ganharam com 56,7% dos votos, um porcentual que caiu na segunda consulta, em 2020, para 53,3%.

Em junho, os diferentes campos políticos acordaram com o governo francês que, para além do resultado deste domingo, o período que se inicia agora deve ser de "estabilidade e convergência", e um novo referendo deverá ser realizado em junho de 2023 para decidir o "projeto" futuro de Nova Caledônia.


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