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Estado de Minas SAINT-MALO

Pescadores franceses passam à ofensiva para ter acesso a águas britânicas


26/11/2021 13:26

Os pescadores franceses passaram à ofensiva nesta sexta-feira (26) com ações em portos e no túnel sob o Canal da Mancha contra os interesses britânicos, para exigir uma solução para o acesso de seus barcos às águas britânicas pós-Brexit.

Essas ações acontecem em um contexto já tenso entre os dois países devido à chegada de migrantes na costa britânica.

Londres até mesmo exortou a França a garantir que o comércio não seja afetado por "atos ilegais" neste dia de protesto.

No início da manhã, uma dezena de barcos de pesca bloquearam o acesso das embarcações britânicas no porto francês de Saint-Malo (noroeste) por cerca de 60 minutos, entre 8h00 e 9h00, constatou a AFP.

Devido ao mau tempo, o serviço de balsa para a Inglaterra foi suspenso. No entanto, os barcos franceses bloquearam pesqueiro da ilha britânica de Jersey, a cujo capitão deram uma bandeira francesa e outra bretã, um sinal do bom ambiente.

"A Europa e o governo não aplicam as ameaças, então chegou o momento de nós assumirmos o controle, porque, se não, nada acontecerá", disse à AFP Pascal Leclerc, presidente do comitê de pesca da zona.

As duas horas de ação provocaram um significativo engarrafamento de mais de cem caminhões, obrigando a administradora do Eurotúnel a programar mais ônibus a partir das 16h para "absorver o trânsito" e "descongestionar a via pública".

Outros barcos planejaram bloquear o acesso das balsas procedentes do Reino Unido em outros portos franceses no Canal da Mancha, como Ouistreham, próximo às praias do desembarque da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, e em Calais.

"Queremos apenas que os nossos direitos sejam respeitados. Chegou-se a um acordo", afirmou Leclerc, referindo-se ao pacto entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido para garantir o acesso dos pesqueiros europeus às águas britânicas após o Brexit.

No âmbito deste acordo comercial, assinado no final de 2020, os pescadores europeus devem provar que já pescavam nessas águas para terem acesso. Mas o Reino Unido e a França diferem quanto ao tipo e ao escopo dos documentos comprovativos.

No total, a partir de 1 de janeiro de 2021, a França obteve "mais de 960 licenças" para pescar nas águas do Reino Unido e das Ilhas Britânicas ao largo da costa francesa da Normandia, mas Paris ainda reivindica mais de 150 autorizações, de acordo com o Ministério do Mar.

"Não queremos esmolas, só queremos nossas licenças de volta. O Reino Unido deve respeitar o acordo pós-Brexit. Muitos pescadores ainda estão de fora", comentou na quinta-feira Gérard Romiti, chefe do Comitê Nacional de Pesca, que reúne sindicatos do setor.

- "Golpe de efeito" -

Embora o bloqueio dos portos seja bastante simbólico, já que as ondas poderiam impedir algumas ações, a iniciativa potencialmente mais contundente é a prevista no acesso ao Eurotúnel, por onde transitam 25% das mercadorias entre o Reino Unido e o continente.

Durante a tarde, os pescadores planejam bloquear com seus veículos, entre as 14H00 e 16H00, o acesso dos caminhões de mercadorias com destino ao Reino Unido, no terminal do túnel do Canal da Mancha.

O objetivo é bloquear as exportações para que "a população britânica saiba o que está acontecendo".

"Eles têm acesso ao mercado europeu e nós ainda não temos acesso às suas águas", explica Olivier Leprêtre, presidente do comitê de pesca da região de Altos de França (norte).

O governo britânico, que se disse "decepcionado" com essas "ameaças de protesto", pediu à França na noite de quinta-feira que "assegure que esses atos ilegais não sejam cometidos e que as trocas comerciais não sejam afetadas".

É um "golpe de efeito para mostrar o que podemos fazer, mas se tivermos de ir mais longe, vamos focar em outros produtos", assegurou Leprêtre.

A Comissão Europeia, que a França pediu para ser "mais ativa" em sua disputa com o Reino Unido, pediu ao governo britânico que resolva a questão até 10 de dezembro, um "ultimato" celebrado pelos pescadores, que também destacaram o apoio do governo francês.

Paris anunciou em outubro medidas retaliatórias contra Londres, embora as tenha adiado para ver se as negociações em Bruxelas funcionariam.


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