"Depois de uma longa doença, Abolhassan Banisadr faleceu neste sábado no hospital" Pitié-Salpêtrière, na capital francesa, anunciou a agência oficial iraniana Irna, citando um amigo próximo do ex-chefe de Estado.
Sua família na França confirmou sua morte. "Queremos informar ao honorável povo do Irã e a todos os ativistas pela independência e liberdade que (...) Abolhasan Banisadr faleceu após uma longa doença", anunciou em um comunicado.
Banisadr, ex-colaborador do fundador da República Islâmica, o aiatolá Khomeini, foi eleito presidente em janeiro de 1980.
Dezessete meses depois, porém, foi destituído do cargo pelo Parlamento iraniano, quando suas relações com o falecido guia supremo se deterioraram. Desde então, viveu no exílio na França.
Banisadr era um moderado: defendia a liberdade, a democracia e um Islã liberal.
Aos 17 anos, esse muçulmano praticante começou a militar nas fileiras da Frente Nacional, o movimento nacionalista do Dr. Mohammed Mossadegh, que lutava pela independência do Irã e pela nacionalização do petróleo.
Depois de estudar teologia, economia e sociologia, ele se tornou um ferrenho opositor do regime do xá.
Procurado pela polícia, teve que fugir do Irã em 1963 e se estabeleceu em Paris. Em 1970 passou a defender a união da oposição iraniana em torno do imã Khomeini, exilado no Iraque.
Em outubro de 1978, Khomeini viajou para a França e Banisadr tornou-se parte de seu círculo íntimo. Referia-se a ele como "querido pai".
Mais tarde, Banisadr lamentou não ter sido capaz de reconhecer o "gosto pelo poder" de Khomeini.
- Retorno ao Irã -
Banisadr estava a bordo do avião que levou o "guia da Revolução" de volta ao Irã em 1º de fevereiro de 1979.
Depois de passar pelo ministério da Economia e ministério das Relações Exteriores, Banisadr tornou-se o primeiro presidente da República do Irã eleito por sufrágio universal em 26 de janeiro de 1980, com 76% dos votos.
Em 7 de fevereiro de 1980, o aiatolá Khomeini o nomeou presidente do Conselho Revolucionário.
Desde o início de seu mandato, Banisadr enfrentou imensas dificuldades: a questão dos reféns americanos, a guerra contra o Iraque, a situação no Curdistão, a crise econômica e, acima de tudo, a oposição dos clérigos fundamentalistas.
Comandante-chefe das Forças Armadas de 19 de fevereiro de 1980 a 10 de junho de 1981, ele reorganizou o Exército iraniano e passou grande parte de seu tempo lidando com a guerra com o Iraque.
Mas este teórico de uma "terceira via islâmica", respeitosa do regime democrático, finalmente teve que se curvar ao poder dos mulás.
- Exílio -
Depois de mais de um ano de conflito com certos membros do alto clero xiita e com o Partido da República Islâmica (maioria no Parlamento), o processo de democratização foi interrompido.
Em 21 de junho de 1981, foi destituído pelo Parlamento por "incompetência política", com a aprovação de Khomeini.
Depois de se esconder por uma semana, ele foi colocado em um avião da Força Aérea sequestrado por um de seus apoiadores e fugiu para a França, onde recebeu asilo e proteção policial.
Em agosto de 1981, ele fundou o Conselho Nacional de Resistência Iraniana com outro líder exilado, Massoud Rajavi, da Organização dos Mujahidin do Povo, e representantes de comunidades minoritárias, como os curdos iranianos.
No entanto, Banisadr desentendeu-se com Rajavi e posteriormente deixou o conselho.
Ele escreveu um livro acusando os aiatolás do Irã de conspirar para tomar o poder e testemunhou sobre os assassinatos de dissidentes iranianos que ele atribuiu aos mulás.
Banisadr vivia desde maio de 1984 em Versalhes, na região de Paris, sob proteção policial.
TEERÃ