"É uma descoberta importante porque embora já tenham sido descobertas ferramentas de osso mais antigas no mundo, é a primeira vez que foram identificadas umas que serviram para confeccionar peças", explicou nesta quinta-feira (23) à AFP o arqueólogo Abdeljalil El Hajraoui.
Cerca de 60 ferramentas ósseas encontradas na Caverna dos Contrabandistas, perto da capital, Rabat, "foram moldadas intencionalmente para tarefas específicas que incluíam o trabalho com couro e peles", segundo um estudo publicado na semana passada na revista científica americana Iscience.
Esta descoberta pode contribuir para responder perguntas sobre a origem do comportamento moderno do Homo sapiens, reforça o arqueólogo.
"A costura é um comportamento que se perpetuou desde esses tempos. Além disso, as ferramentas descobertas na caverna foram usadas durante 30.000 anos, o que provaria o surgimento da memória coletiva", afirma o especialista do Instituto Marroquino de Ciências da Arqueologia e do Patrimônio (INSAP).
"Dado o nível de especialização das ferramentas da Caverna dos Contrabandistas, é possível que se encontrem exemplares anteriores no local", destaca o texto.
Na caverna também foram descobertos refúgios escavados na terra, construídos ou ao ar livre, para os hominídeos se protegerem dos fenômenos naturais, assim como adornos (conchas perfuradas).
Por outro lado, a cerca de 400 km da Caverna dos Contrabandistas, pesquisadores marroquinos, americanos e franceses desenterraram cerca de 30 conchas moldadas a partir de caracóis marinhos em uma camada que data de 142.000 a 150.000 anos atrás na Caverna de Bizmoune, perto de Essaouira (sudeste), segundo um comunicado do ministério da Cultura do Marrocos.
RABAT