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Estado de Minas AFEGANISTÃO

Governo do Talibã diz que mulheres voltarão às escolas assim que possível

Aulas no Afeganistão foram interrompidas em meados de agosto, quando os combatentes talibãs voltaram ao poder no país


21/09/2021 08:14 - atualizado 21/09/2021 10:03

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(foto: AREF KARIMI / AFP)
As estudantes retornarão em breve às escolas do Afeganistão, afirmou o Talibã nesta terça-feira (21/9), depois que as decisões recentes do movimento radical sobre os direitos das mulheres e sua representação no novo governo provocaram críticas e temores dentro e fora do país.

"Estamos finalizando as coisas e isto acontecerá assim que possível", disse o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, em referência ao retorno às aulas para as alunas do ensino médio, que no sábado passado não foram autorizadas a retornar às escolas com os meninos.

O porta-voz afirmou que primeiro o governo deseja garantir um "contexto educativo seguro" para as meninas.

A comunidade internacional teme a repetição da situação registrada entre 1996 e 2001, durante o regime Talibã anterior, quando as mulheres foram impedidas de trabalhar e estudar, entre outras proibições.

As aulas no Afeganistão foram interrompidas em meados de agosto, quando os combatentes talibãs assumiram o poder no país, poucos dias antes da conclusão da retirada das tropas estrangeiras.

Desde então, as meninas do ensino fundamental e as universitárias retornaram às aulas, mas com restrições, começando pela separação dos alunos homens.

100% masculino

As restrições para as mulheres na educação, que também afetam parte das professoras, se unem a outras em diferentes âmbitos, como por exemplo a vida política.

Nesta terça-feira, o Talibã anunciou os ministros que ainda não haviam sido designados e foi confirmado que o novo governo será formado apenas por homens e não existirá um ministério dedicado às mulheres - o governo derrubado pelo Talibã tinha uma pasta dedicada à questão.

No dia 7 de setembro, o Talibã havia anunciado a maior parte do novo Executivo, formado por líderes históricos do movimento islamita radical.

Em agosto, depois de assumir o poder, os combatentes talibãs garantiram que formariam um governo representativo e inclusivo. O porta-voz do movimento afirmou que este é um governo de transição que será reforçado no futuro.

Na semana passada, em outro gesto que aumentou a preocupação internacional, o Talibã recriou o ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, um organismo sinônimo de repressão e fundamentalismo durante seu governo anterior, em substituição ao ministério de Assuntos da Mulher.

Necessidade de tempo

O Talibã também limitou o acesso das mulheres ao mercado de trabalho, ao afirmar que elas devem ficar em casa "para sua segurança" e até que o governo consiga organizar a separação entre sexos dentro dos locais de trabalho.

No domingo, o novo prefeito de Cabul anunciou que em seu município os postos de trabalho ocupados por mulheres serão assumidos pelos homens.

Desde 2001, quando uma coalizão internacional derrubou o governo talibã da época, as mulheres recuperaram direitos: conseguiram, por exemplo, virar deputadas e juízes e trabalhar como policiais ou pilotos, atividades até então reservadas aos homens.

Nos últimos anos, milhares de mulheres, algumas delas viúvas ou com marido portador de deficiência em consequência das sucessivas guerras no país, entraram no mercado de trabalho afegão porque o sustendo do lar dependia delas. Mas a verdade é que isso aconteceu principalmente nas grandes cidades.

Do ponto de vista econômico, atualmente o Afeganistão, que depende em grande medida da ajuda internacional há 20 anos, está paralisado.

Dezenas de milhares de afegãos, incluindo muitas pessoas ricas e do topo da escala do país, deixaram o país, as contribuições financeiras estrangeiras foram congeladas e a inflação é muito elevada. Tudo isso aprofunda a crise econômica e impede a subsistência de milhares de famílias.

O porta-voz do grupo Talibã garantiu nesta terça-feira que o novo governo tem recursos para pagar os funcionários públicos, mas precisa de tempo.

Muitos trabalhadores reclamaram nas ruas do país nos últimos dias porque não recebem os pagamentos há pelo menos dois meses.


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