Sob um acordo denominado Autorização de Designação da Organização (ODA), os inspetores de segurança são pagos pela Boeing, mas devem se reportar à Administração Federal de Aviação (FAA).
"A cultura corporativa da Boeing parece impedir os membros da unidade ODA de se comunicarem abertamente com a FAA", de acordo com a carta da agência à Boeing em 19 de agosto, obtida pela AFP na quarta-feira (25).
Essas descobertas refletem os problemas em torno do modelo 737 MAX da gigante da aviação, que sofreu dois grandes acidentes em 2018 e 2019, nos quais 346 pessoas perderam a vida e levaram a suspensão forçada de voos da aeronave durante 20 meses.
Após as tragédias, a Boeing e a FAA ficaram sob intenso escrutínio do Congresso americano e do público por seu relacionamento próximo durante o processo de fabricação da aeronave, que foi visto por alguns como um enfraquecimento da supervisão de segurança.
Em uma pesquisa sobre a capacidade de expressar abertamente as preocupações sem medo de repercussões, a FAA disse que descobriu que "35% das pessoas expressam preocupações e compartilham experiências que indicam que o ambiente não apoia a independência da unidade da ODA".
Alguns citaram interferência em seu trabalho, observando que tal estrutura criava um conflito de interesses, citando incidentes de "pressão indevida" e casos de gerentes da Boeing "comprando" um inspetor cooperativo, de acordo com documentos de investigação.
A Boeing não respondeu de imediato ao pedido de comentário enviado pela AFP.
BOEING
WASHINGTON