As relações diplomáticas entre esses dois rivais estavam rompidas há mais de cinco anos.
"O Irã é um país vizinho e tudo o que queremos é [ter] um relacionamento bom e especial com o Irã", afirmou o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, em uma entrevista divulgada na noite desta terça.
"Não queremos dificuldades para o Irã. Pelo contrário, queremos o crescimento do Irã e liderar a região e o mundo rumo à prosperidade", continuou.
O príncipe herdeiro acrescentou que Riade está trabalhando com seus parceiros regionais e internacionais para encontrar soluções para o "comportamento negativo" do Irã.
Essas declarações constituem uma mudança de tom em comparação com entrevistas anteriores nas quais o príncipe herdeiro acusou o Irã de alimentar a insegurança na região.
O príncipe não citou possíveis negociações com Teerã.
As negociações de Bagdá, facilitadas pelo primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al Kadhemi, permaneceram secretas até que o Financial Times informou que a primeira reunião foi realizada em 9 de abril.
No início de abril, uma delegação saudita liderada pelo chefe da inteligência, Khalid ben Ali al Humaidan, e uma delegação iraniana, liderada por altos funcionários enviados pelo secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Ali Chamkhani, se reuniram em Bagdá, confirmou à AFP uma fonte do governo iraquiano.
Um diplomata ocidental disse que havia sido "informado com antecedência sobre essas discussões" e que elas tinham "o objetivo de criar melhores relações" entre o Irã e a Arábia Saudita.
Riade negou oficialmente essas negociações na imprensa e Teerã não fez comentários, dizendo apenas que "sempre aplaudiu" o diálogo com a Arábia Saudita.
Esta iniciativa diplomática ocorre quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer ressuscitar o acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015, do qual Donald Trump retirou o país.
Riade, aliada dos Estados Unidos, e Teerã, inimigo de Washington, apoiam lados opostos nos principais conflitos da região, especialmente no Iêmen, Síria e Iraque, assim como no Líbano e Bahrein.
Preso entre o Irã xiita ao leste e a Arábia Saudita sunita ao sul, o Iraque tenta se tornar um mediador regional para evitar acabar no meio do chumbo trocado entre essas potências.
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