"A situação em Djalali é realmente terrível. Está isolado há mais de 100 dias", afirmaram oito especialistas em um comunicado, assinado, entre outros, por Agnès Callamard, relatora especial sobre execuções extrajudiciais, e Niels Melzer, relator especial sobre tortura.
O detido estaria preso em uma pequena cela, permanentemente iluminada para impedi-lo de dormir.
"Problemas médicos impedem que se alimentem bem, o que o faz perder muito peso. Neste momento, teria inclusive dificuldade para falar. Estamos chocados e angustiados com os maus-tratos de Djalali", acrescentam.
Esse "tratamento cruel e desumano" faz esses especialistas, que têm mandato da ONU mas não falam em seu nome, temerem que "ele possa morrer em breve na prisão".
Ahmadreza Djalali é especialista em medicina de emergência e foi detido durante uma visita ao Irã em 2016. Foi acusado de transmitir à Inteligência israelense, o Mossad, informações sobre dois importantes membros do programa nuclear iraniano, as quais facilitaram o assassinato de ambos, em 2010 e 2012. Foi julgado por isso e condenado à morte.
A Suécia lhe concedeu cidadania em fevereiro de 2018, meses depois de ser condenado à pena capital.
Em 2017, uma grupo de trabalho da ONU afirmou que ele foi detido de maneira arbitrária e pediu sua libertação. Djalali disse que foi condenado por se recusar a espionar para o Irã quando trabalhava na Europa.
Os especialistas da ONU consideram que seu caso não é uma exceção e que o isolamento é um método usado de forma sistemática para pressionar os presos e obter confissões.
"Há apenas uma palavra para definir os maus-tratos físicos e psicológicos contra Djalali e é tortura", vaticinaram.
GENEBRA