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Estado de Minas YANGON

Principal partido birmanês acusa junta militar de saquear sua sede


09/02/2021 20:02 - atualizado 09/02/2021 20:14

O principal partido birmanês, afastado do poder por um golpe de Estado, acusou a junta militar nesta terça-feira (9) de ter atacado e saqueado sua sede, enquanto a ONU condenou o uso "desproporcional" de força contra os manifestantes.

"A ditadura militar atacou e destruiu a sede da NLD (Liga Nacional pela Democracia) por volta das 21h30 locais (12h de Brasília)", informou o partido em sua página no Facebook, sem maiores detalhes.

O LND é o partido de Aung San Suu Kyi, que está detida pelo novo regime desde o golpe de 1º de fevereiro.

Centenas de milhares de birmaneses foram às ruas para desafiar a junta, em um país com um longo passado de um rígido controle militar.

Os militares vêm intensificando sua repressão, e nesta terça-feira, as forças de ordem usaram indiscriminadamente balas de borracha, gás lacrimogêneo e água pressurizada.

"O uso de força desproporcional contra os manifestantes é inaceitável", declarou Ola Almgren, coordenador residente da ONU em Mianmar, falando de "vários feridos, alguns com gravidade".

Os Estados Unidos também condenaram "energicamente a violência contra os manifestantes" e reiteraram seu pedido a respeitar a liberdade do povo birmanês e "restaurar o governo eleito democraticamente".

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, evocou no Parlamento europeu a adoção de eventuais sanções contra o exército birmanês.

- Munição de borracha ou real? -

Na capital, Naipidau, os policiais atiraram "para cima como um aviso e depois usaram balas de borracha contra os manifestantes", disse um morador da cidade à AFP.

No entanto, um médico de um hospital da cidade falou em anonimato: "Acreditamos que foram balas de verdade, por causa dos ferimentos" de dois manifestantes, de 23 e 19 anos.

"Eles atiraram em meu filho que tentava usar um megafone para pedir às pessoas que se manifestassem pacificamente", explicou Tun Wai, um ourives de 56 anos. "Estou muito preocupado".

Ambos os manifestantes estão em estado crítico, de acordo com fontes médicas.

A polícia utilizou jatos de água para dispersar um pequeno grupo de manifestantes que, diante da barreira das forças de segurança, gritavam: "Parem a ditadura militar", segundo imagens transmitidas ao vivo na televisão.

Em Mandalay, segunda maior cidade do país, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que protestava contra o golpe, informaram testemunhas à AFP.

"Usaram gás contra os manifestantes que exibiam bandeiras da Liga Nacional pela Democracia (LND)", o partido de Aung San Suu Kyi, deposta após o golpe, afirmou uma moradora da cidade. A fonte disse ainda que habitantes das proximidades ajudaram os manifestantes com água.

A maioria dos manifestantes usa vermelho, a cor do LDN, pedindo a libertação de Aung San Suu Kyi e realizando o agora emblemático aceno de mãos com três dedos para cima, em sinal de resistência, diante dos militares.

- "Não queremos uma ditadura militar" -

O exército, que alegou "fraudes" nas eleições legislativas de novembro para justificar o golpe, ameaçou adotar represálias contra os manifestantes.

"Suas advertências não nos preocupam, por isso saímos hoje. Não podemos aceitar a desculpa de fraude eleitoral. Não queremos uma ditadura militar", declarou à AFP Thein Winun, um dos professores que protestaram em San Chaung.

Este tipo de protesto não era registrado em Mianmar desde a revolta popular de 2007, conhecida como "revolução do açafrão", liderada por monges e que foi violentamente reprimida pelo exército.

Desde 1º de fevereiro, mais de 150 pessoas - deputados, autoridades locais, ativistas - foram detidos, segundo a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos com sede em Yangon.

Mianmar viveu quase 50 anos sob governo militar após sua independência em 1948. O golpe de 1 de fevereiro acabou com um breve intervalo democrático.

Em novembro, a LND venceu por maioria folgada as legislativas, eleições que os militares consideraram fraudulentas, embora os analistas internacionais não tenham constatado problemas.

O golpe de Estado foi condenado pelos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e vários países.

A Nova Zelândia anunciou nesta terça-feira a suspensão dos contatos militares e políticos de alto nível com Mianmar, o que representa o primeiro passo internacional para isolar a junta militar do país após o golpe de Estado.


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