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Estado de Minas

Em medida inédita, EUA rejeita acusações de narcotráfico contra ex-ministro mexicano


19/11/2020 08:31

Uma juíza federal em Nova York aceitou, na quarta-feira (18), o pedido incomum do governo dos Estados Unidos para que se rejeite as acusações graves de tráfico de drogas contra o ex-ministro da Defesa mexicano Salvador Cienfuegos e para que o México o investigue e, eventualmente, o denuncie.

Ele foi solto da prisão e chegou horas depois ao México, país onde é investigado.

Em uma rápida audiência, a juíza do Brooklyn, Carol Amon, confirmou que o pedido surgiu do próprio procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr.

"Esta decisão (...) é uma questão de política externa. Não tenho motivos para duvidar da determinação do governo de que as autoridades judiciárias mexicanas desejam, sinceramente, avançar com uma investigação e possível julgamento dos acusados", disse Amon na presença de Cienfuegos.

O acusado aceitou o acordo que retira as acusações contra ele assim que estivesse no México, onde desembarcou horas depois, relatou o procurador interino do distrito leste de Nova York, Seth DuCharme, em uma carta enviada a Amon na noite de quarta-feira.

Cienfuegos não enfrenta acusações em seu país, embora o governo tenha se comprometido a investigá-lo e, eventualmente, acusá-lo, se houver provas de que cometeu crimes.

Ao chegar ao México, o ex-ministro forneceu às autoridades "toda sua informação pessoal e de contato (...) onde pode ser localizado" e manifestou "sua total disposição de atender aos requerimentos próprios da investigação", relatou a Procuradoria mexicana em um comunicado.

A decisão de pedir a retirada das acusações foi anunciada na terça-feira pelo procurador-geral dos EUA e por seu homólogo mexicano, Alejandro Gertz, "no interesse de demonstrar nossa frente unida contra qualquer forma de criminalidade".

Cienfuegos será "investigado e, se for apropriado, indiciado sob a lei mexicana", disseram.

O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, garantiu que a liberação de Cienfuegos não é "o caminho para a impunidade", mas "um ato de respeito ao México" e às suas Forças Armadas.

- Investigação imparcial no México?

Muitos duvidam de que Cienfuegos, um poderoso general aposentado de 72 anos, possa ser investigado e processado imparcialmente no México.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, alertou na quarta-feira que "não será permitido fabricar crimes".

"Deve haver sustentação, prova. Nenhuma pessoa pode ser vítima de injustiça", disse ele a jornalistas.

A Justiça dos Estados Unidos, que afirmou ter milhares de gravações de mensagens do Blackberry envolvendo Cienfuegos, incluindo muitas delas com traficantes de drogas, indicou que já forneceu as provas ao México.

Um julgamento de Cienfuegos no México "é muito pouco provável, porque não há evidências de que exista um sistema de justiça avançado e eficaz (...) nem ferramentas para investigá-lo", disse à AFP o diretor do Observatório Nacional Cidadão de Segurança no México, Francisco Rivas.

Ao pedir a Amon que rejeitasse as acusações, o procurador distrital em exercício de Nova York Seth DuCharme observou que "considerações importantes e sensíveis de política externa superam o interesse do governo em buscar a acusação dos acusados".

A libertação de Cienfuegos encerra uma intensa negociação entre os governos dos Estados Unidos e do México após a prisão do ex-ministro no aeroporto de Los Angeles, em 15 de outubro, a pedido da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês), que surpreendeu os mexicanos e balançou as relações bilaterais.

A Justiça americana acusava Cienfuegos de quatro crimes de narcotráfico e de lavagem de dinheiro por ajudar o cartel H-2 "a traficar milhares de quilos de cocaína, heroína, metanfetaminas e maconha para os Estados Unidos" entre 2015 e 2017, em troca de milionários subornos.

Esses crimes são passíveis de receberem uma condenação de um mínimo de dez anos de prisão e uma pena máxima de prisão perpétua.

Cienfuegos, que se declarou inocente, foi ministro durante todo governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018).


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