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Estado de Minas

EUA tem recorde de gastos de campanha, incentivados por doadores insatisfeitos


05/11/2020 16:07

Quatorze bilhões de dólares. Essa é a quantia impressionante gasta pelos candidatos às eleições presidenciais e legislativas nos Estados Unidos, um recorde absoluto.

É quase o dobro do gasto há quatro anos e mais do que o triplo da despesa em 2000, de acordo com o Center for Responsible Politics, um centro de estudos independente sobre gastos eleitorais.

Mas o alto investimento não garante o sucesso de nenhum candidato.

Em 2020, os democratas, buscando retomar o controle do Senado, gastaram implacavelmente para conquistar assentos de pesos pesados republicanos, como o líder da Câmara Alta Mitch McConnell (Kentucky), Lindsey Graham (Carolina do Sul) e Susan Collins (Maine), mas falharam.

- Dinheiro "desperdiçado" -

O democrata Jaime Harrison foi derrotado facilmente por Lindsey Graham depois de gastar um recorde de 108 milhões dólares, muito mais do que sua adversária, graças a doações de democratas de todo o país, de acordo com Karl Evers-Hillstrom do Center for Responsible Politics.

"Eu digo a todos os progressistas na Califórnia e em Nova York: eles perderam muito dinheiro", brincou Graham após sua reeleição.

Outra derrota retumbante foi a de Amy McGrath, candidata para derrubar Mitch McConnell, no Senado há 45 anos e um pesadelo dos democratas.

McGrath, ex-piloto de caça, gastou 88 milhões de dólares em vão na segunda batalha mais cara da história das eleições para o Senado dos EUA.

Os republicanos perderam algumas apostas caras, mas menos espetaculares. Eles arrecadaram 10 milhões de dólares de todo o país para evitar a reeleição em Nova York da deputada Alexandria Ocasio-Cortez, estrela da ala mais esquerda do Partido Democrata e encarnação da suposta ameaça "socialista" denunciada pelos trumpistas.

Mas a legisladora de 31 anos venceu seu rival, o ex-policial e professor católico John Cummings, de 60 anos, por 38 pontos percentuais, depois de arrecadar 17 milhões para sua campanha em uma das batalhas eleitorais mais caras para a Câmara dos Deputados.

- A raiva, fonte de doações -

Diante dessas apostas perdidas, os especialistas em finanças eleitorais gostam de lembrar que mesmo nos Estados Unidos, onde doações de campanha quase ilimitadas são permitidas, "uma eleição não pode ser comprada".

Embora seja necessário dinheiro para comprar a publicidade necessária para ser notado, um trabalho publicitário não pode reverter tendências fortes.

"Se você está em um estado profundamente republicano, as chances (de um democrata vencer) são próximas de zero", disse Evers-Hillstrom.

Para o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, um dos homens mais ricos do mundo, as primárias democratas doeram no bolso: ele não conseguiu vencer, apesar de gastar 550 milhões de dólares.

Então, por que tanto está sendo gasto? Para Michael Malbin, professor de ciência política da State University of New York (SUNY), muito se deve à crescente polarização da era Trump.

A motivação é um dos elementos essenciais para cada doador, disse este especialista em financiamento eleitoral. "Raiva e rejeição", seja de "trumpismo" ou "esquerdistas", por exemplo, "são os motivadores mais poderosos" do que o apoio a uma causa específica, observou ele.

Portanto, não é surpreendente que as maiores somas vão para as campanhas de candidatos apaixonados, como Mitch McConnell, Lindsey Graham ou A.O.C.

Enquanto milhares de doadores financiam essas batalhas com ampla exposição na mídia, "90% das campanhas eleitorais do país são subfinanciadas", enfatizou Malbin.

Os valores maiores também são explicados pela simplificação na doação de dinheiro a um candidato graças à tecnologia digital, que teve os democratas como pioneiros com sua plataforma ActBlue, lançada em 2004.

"Tornou-se incrivelmente simples", disse Malbin. "Basta clicar."

Nessas condições, ninguém espera uma queda nos gastos eleitorais no futuro próximo. "Se continuarmos polarizados como estamos agora, podemos esperar que altas quantias ainda devem ser investidas", disse Evers-Hillstrom.


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