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Estado de Minas

Coronavírus impõe máscaras e luvas em uma Ashura sem precedentes no Iraque


30/08/2020 14:43

Entre soluços e máscaras, milhares de peregrinos xiitas convergem, neste domingo (30), para a cidade sagrada de Kerbala, no Iraque, para comemorar a Ashura, uma das celebrações mais importantes do mundo muçulmano, em meio à pandemia da covid-19.

A Ashura comemora o martírio de 680 do imã Hussein, neto do profeta Mohamed, um evento fundador do Islã xiita.

Normalmente, milhões de xiitas do mundo inteiro convergem para a cúpula dourada do imã Hussein em Kerbala, no centro do Iraque, onde oram e choram juntos. Este ano, porém, a pandemia mudou os costumes.

"Isso não tem nada a ver com as celebrações que reuniram milhões (de pessoas) nos anos anteriores", afirmou Fadel Hakim, perto da cúpula dourada.

Apenas pequenos grupos de peregrinos estão reunidos na esplanada em frente à mesquita, vestidos de preto em sinal de luto, como determina a tradição durante a Ashura, e todos usam máscaras de proteção.

Os funcionários usam desinfetante e distribuem máscaras. Antes de entrar no mausoléu, a temperatura dos peregrinos é verificada.

- Orar sozinho -

No interior, marcas foram colocadas no tapete para que a distância física seja respeitada durante a oração.

No local onde o imã Hussein está enterrado, porém, os peregrinos encostam seus rostos sem máscaras na treliça que os separa do mausoléu.

Em lágrimas, vários visitantes enxugam o rosto com as mãos nuas, um meio de espalhar o vírus. Muitos também se concentraram em círculos apertados, enquanto se agitavam.

À tarde, os fiéis interpretaram o martírio do imã Hussein, morto pelas tropas do califa omíada durante uma batalha no deserto de Kerbala. Na sequência, uma procissão de peregrinos seguiu em direção à cúpula dourada, sob uma chuva fina de álcool desinfetante.

"Este ano mostraremos ao mundo inteiro que a peregrinação ao mausoléu do imã Hussein é como um milagre. Se Deus quiser, não haverá casos de coronavírus", disse Mohamad Abdulamir, um peregrino sem máscara.

No ano passado, pelo menos 31 pessoas morreram em uma avalanche durante a Ashura.

O número de peregrinos é, de fato, muito menor do que nos anos anteriores, já que autoridades governamentais e religiosas do Iraque, do Irã e do Golfo convocaram peregrinações virtuais e celebrações a serem feitas em casa.

O Irã xiita é o país do Oriente Médio mais atingido pela pandemia, com mais de 20.000 mortos.

Para a Ashura, o governo iraniano proibiu procissões tradicionais, cerimônias em espaços fechados e apresentações musicais, ou banquetes, optando por transmitir rituais religiosos pela televisão.

Até o guia supremo, aiatolá Ali Khamenei, rezava sozinho, segundo imagens publicadas por seu gabinete, nas quais ele aparece usando uma máscara em uma mesquita de seu local de residência.

No Afeganistão e no Paquistão, as autoridades relataram que houve um declínio no surgimento de novos casos de coronavírus, mas que sua maior prioridade é a segurança. A Ashura costuma coincidir com ataques sangrentos contra os xiitas.

Em Karachi, no sul do Paquistão, cerca de 10.000 pessoas participaram de uma grande cerimônia, muitas delas praticando um ritual de autoflagelação, disseram os organizadores.

As autoridades do Bahrein pediram aos fiéis que doem sangue, em vez de fazerem esses rituais em massa. A distribuição de comida foi substituída por entregas em casa.

Embora muitos fiéis tenham decidido celebrar a Ashura em família, milhares de pessoas decidiram participar das procissões.

"Não é possível ser infectado pelo vírus", disse Israr Husain Shah, um xiita de Islamabad. "As pessoas vêm para se curar e se proteger", completou.

No Líbano, país mergulhado em uma crise profunda, o Hezbollah pediu que se evite grandes multidões por ocasião da Ashura. Os fiéis são convidados a acompanhar as comemorações on-line, ou por meio das mídias ligadas ao movimento xiita.

Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para um aumento nos casos de covid-19 a um "ritmo alarmante" no Iraque, país com sistema de saúde frágil e que já registrou mais de 6.200 mortes.


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