O Comissário de Comércio europeu, o irlandês Phil Hogan, anunciou nesta quarta-feira (26) sua demissão, após ter sido acusado de infringir as normas sanitárias contra o novo coronavírus na Irlanda, ao participar de um jantar de gala.
"Apresentei esta noite minha demissão como comissário europeu de Comércio à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen", informou Hogan em um comunicado, em alusão à dirigente do braço executivo da União Europeia.
"A cada vez ficava mais claro que a controvérsia em torno da minha recente visita à Irlanda começava a desviar a atenção do meu trabalho como comissário europeu e desacreditaria o meu trabalho nos cruciais próximos meses", marcados sobretudo pelas negociações pós-Brexit com o Reino Unido, acrescentou.
Phil Hogan reiterou suas desculpas, insistindo em que pensava estar respeitando as normas sanitárias.
"É importante dizer que não infringi a lei. Como representante público, deveria ter sido mais rigoroso na manutenção das diretrizes COVID", afirmou.
Sob pressão da titular da Comissão Europeia, Hogan havia descrito na terça-feira, em um comunicado de quatro páginas, sua estadia na Irlanda de 31 de julho a 21 de agosto.
Hogan admitiu que não deveria ter ido ao jantar, organizado por ocasião dos 50 anos do clube de golfe do Parlamento irlandês, com 82 convidados.
A celebração do jantar já levou outras personalidades a pedir demissão, como o ministro irlandês da Agricultura, Dara Calleary.
Dois dias antes do evento, a polícia surpreendeu o comissário irlandês falando no telefone enquanto dirigia.
Hogan tinha um dos cargos-chave e de maior destaque da Comissão Europeia. Sua demissão ocorre em um momento ruim, com as relações com os Estados Unidos, e também com a China, especialmente tensas.
A demissão de um comissário europeu, relativamente incomum, é sempre complexa porque afeta no conjunto o equilíbrio geográfico e político no qual se baseia a Comissão, onde cada país da UE ocupa um cargo de comissário.