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Estado de Minas

Entre carros de luxo e champanhe, parte de Bangcoc vive alheia à pandemia


10/08/2020 12:07

Quando o coronavírus atingiu em cheio a economia global, Yod, um empresário tailandês, decidiu dar a si mesmo um presente de US$ 872.000: um Lamborghini.

Yod comprou seu Huracan EVO personalizado em Bangcoc, uma cidade de bilionários cujo setor de luxo conseguiu se manter vivo, apesar da crise desenfreada que atinge a economia da Tailândia.

Com o turismo e as exportações em queda livre, o crescimento da Tailândia pode cair até 10% este ano, deixando milhões de pessoas sem trabalho.

Mas, em uma economia de dois pesos e duas medidas, muitos estão imunes à devastação econômica causada pela pandemia de COVID-19.

Na Tailândia vivem vários bilionários. Um deles é Yod, cujo nome completo é Thanakorn Mahanontharit.

Yod não pareceu se importar em pagar o imposto de importação de quase 80% quando fez sua compra em março.

"Este carro me faz sentir como David Beckham", declarou o empresário do setor petroquímico à AFP.

"Quando você abre a porta, todos olham para você como se você fosse um superstar."

Ferrari, Rolls-Royce e Lamborghini lançaram novos modelos em Bangcoc durante a pandemia, carros que podem custar até US$ 1,2 milhão.

Uma aposta diante da bonança que uma parte da população de Bangcoc parece desfrutar.

Milhões desses dólares foram orgulhosamente exibidos na semana passada, quando um comboio de 40 carros do Thailand Lamborghini Club cruzou as ruas de Bangcoc a caminho de um resort perto da cidade.

Os Lamborghini "atraem um nicho muito específico de indivíduos de alto patrimônio líquido", aponta Matteo Ortenzi, CEO da Automobili Lamborghini para a região Ásia-Pacífico.

Segundo ele, na Tailândia há um "interesse contínuo" por esses carros, o que gera uma forte "demanda" e torna o país um dos "mercados mais importantes do Sudeste Asiático".

Yod insistiu que sempre sonhou em comprar aquele carro.

"É um reflexo do sucesso, não significa que eu seja melhor do que você", disse ele à AFP. "É que trabalho muito e jogo duro".

Mas a maioria dos tailandeses está em um jogo diferente.

O reino é um dos países asiáticos com mais desigualdades.

A Tailândia é liderada por uma monarquia extremamente rica e apoiada por um punhado de famílias que controlam os monopólios em praticamente todos os negócios, desde cerveja e free shops a supermercados.

Suas fortunas também dispararam durante os seis anos de governo militar, que lhes concedeu a maior parte dos contratos, apesar do declínio da economia global.

"Um por cento da população possui cerca de dois terços do país", disse Thitinan Pongsudhirak, analista político da Universidade Chulalongkorn de Bangcoc.

Enquanto isso, muitos não conseguem sobreviver.

Os agricultores sofrem com a queda na demanda e as remessas de migrantes que se mudaram para as cidades não aumentam. Por outro lado, a classe média urbana enfrenta sérias dificuldades para fazer frente aos empréstimos contraídos e às despesas escolares.

Com a crise gerada pelo coronavírus, o endividamento das famílias deve chegar a 88 ou 90% do PIB até o final do ano, segundo estimativa do banco Kasikorn.

Os números do governo preveem que a pandemia deixará cerca de 8,4 milhões de desempregados, um quarto deles do setor vital do turismo.

A crise apagará os ganhos das últimas duas décadas, nas quais milhões de tailandeses saíram da pobreza graças às exportações, à produção industrial e ao boom do turismo.


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