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Estado de Minas

Rei emérito Juan Carlos se exilou para salvar uma monarquia espanhola já frágil e desgastada


06/08/2020 11:25

Perseguido por um escândalo de corrupção, o rei emérito Juan Carlos I exilou-se para tentar salvar a imagem da Coroa espanhola, uma instituição já frágil e com popularidade reduzida, apesar de blindada na Constituição.

Com suas contas secretas na Suíça investigadas tanto em Genebra quanto em Madri, o ex-chefe de Estado de 82 anos anunciou nesta segunda-feira sua saída do país, para um destino ainda desconhecido, para "ajudar a facilitar o exercício [das] funções" de seu filho, o rei Felipe VI.

Mas muitos analistas se perguntam se esta medida será o suficiente para minimizar as críticas.

Os dados estatísticos disponíveis "mostram uma situação muito frágil por parte da instituição, não só devido à queda da credibilidade política que possuía há 15 ou 20 anos, quando chegou a ser a instituição mais valorizada, mas porque sofre uma crise de confiança", afirmou à AFP o cientista político Lluís Orriols.

Pesquisas privadas mostraram recentemente um país dividido igualmente entre defensores da Coroa e anti-monarquistas.

- Falta de tradição, utilidade e exemplaridade -

Seu problema é que é difícil defender que conte com os pilares básicos das monarquias europeias modernas: tradição, utilidade e exemplaridade, estima Jaume Claret, professor de História da Universidade Oberta da Catalunha.

"Não podem apelar para a tradição" já que nos últimos dois séculos "a Coroa espanhola teve apenas dois reis contínuos", diz Claret. Isabel II, em meados do século XIX, e Alfonso XIII, no primeiro terço do XX, também se exilaram. Neste meio tempo, houve guerras, duas repúblicas de curta duração e ditaduras, a última de Francisco Franco, que decidiu restabelecer a monarquia.

Também não mostra utilidade, continua Claret, devido ao desapego manifestado pelas gerações jovens, enquanto sua exemplaridade foi questionada pelos escândalos. Juan Carlos abdicou em 2014 após um acidente quando caçava junto à sua amante na África, em plena crise econômica na Espanha, enquanto um caso de corrupção levou seu genro à prisão.

- "Proteção total" -

De todo modo, modificar o sistema da monarquia parlamentar, estabelecido no primeiro artigo da Constituição, exigiria uma reforma "complicada não, complicadíssima", aponta Alberto Lardiés, jornalista e autor de livros sobre a monarquia.

Essa reforma teria que ser aprovada por dois terços do Congresso, endossada por um novo Congresso procedente de eleições e finalmente ratificada em um referendo.

"Existe uma proteção total" da monarquia, disse Lardiés, do ponto de vista constitucional mas também político, "porque os dois grandes partidos, o PSOE (socialista) e o PP (conservador) não questionam a monarquia".


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