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Estado de Minas

Peregrinação reduzida a Meca, alegria de uns e decepção de outros


22/07/2020 09:25

Um casal de jordanianos explodiu de alegria ao saber que havia sido selecionado para o haje, a grande peregrinação muçulmana a Meca, reduzida este ano pela pandemia de coronavírus.

Mas, para muitos, o desapontamento é o anúncio da rejeição de seus pedidos para esse ritual, uma das mais importantes reuniões religiosas do mundo, que começará em 29 de julho.

A Arábia Saudita, o país do Golfo Árabe mais atingido pelo novo coronavírus, registra oficialmente 256.000 infectados e 2.557 mortes.

Temendo que a peregrinação, que atraiu 2,5 milhões de pessoas em 2019, se tornasse um grande foco de contágio, as autoridades declararam que apenas 1.000 peregrinos participariam, enquanto a mídia local fala de 10.000.

E este ano, apenas os fiéis que moram na Arábia Saudita serão autorizados a fazê-lo, com 70% de estrangeiros e 30% de sauditas.

O anúncio dessa redução drástica não impediu a maré de pedidos, com a participação de residentes de 160 países, segundo as autoridades, que não forneceram o número oficial de demandas.

"Tínhamos menos de 1% de chance de sermos escolhidos. Estamos surpresos e encantados", declarou um engenheiro jordaniano de 29 anos que vive em Riade, selecionado com sua esposa de 26 anos, que trabalha no setor da saúde.

Nasser, um expatriado nigeriano, também está entre os sortudos. Eufórico, contou à AFP que havia obtido seu "bilhete de ouro" para o haje: "É um sentimento indescritível".

O engenheiro jordaniano, que pediu anonimato, diz que se sentiu obrigado a apagar o anúncio de sua seleção nas redes sociais, por medo de provocar ciúmes.

O ministério do Haje enfrenta um dilúvio de perguntas de pessoas descontentes no Twitter. "Por que me rejeitaram sem dar motivos?", questionou uma mulher, que acrescentou: "Todos ao meu redor foram rejeitados".

- Seleção -

Duas viúvas, uma nigeriana e uma egípcia, disseram que foram descartadas porque não mencionaram um tutor masculino para acompanhá-las.

O ministério do Haje não respondeu à AFP sobre os critérios de seleção. Mas havia informado anteriormente que os peregrinos sauditas haviam sido selecionados entre profissionais da saúde e militares que haviam se recuperado do vírus.

"Eles mantiveram o processo de seleção muito opaco, porque é um assunto delicado. Manter longe da atenção do público serve para fazer menos barulho sobre aqueles que foram selecionados", comentou à AFP Umar Karim, pesquisador convidado do Royal United Services Institute de Londres.

Os peregrinos costumam esperar anos antes de serem selecionados para o haje, um dos cinco pilares do Islã que todo muçulmano deve cumprir pelo menos uma vez na vida, se tiver os meios.

Para a Arábia Saudita, reduzir o número de peregrinos é uma decisão com sérias consequências econômicas, pois ganha bilhões de dólares a cada ano com o turismo religioso.

E isso ocorre quando o país, o principal exportador mundial de petróleo, é seriamente afetado pela queda nos preços do petróleo.

Mas, para alguns, essa redução pode ser positiva, pois acreditam que é mais seguro participar do ritual este ano sem as habituais multidões colossais.

"Muitas pessoas querem fazer o haje este ano, porque será mais tranquilo e organizado devido a uma multidão menor", declarou Karim.

Apesar da considerável redução no número de peregrinos, serão necessárias medidas contra a disseminação do coronavírus: os peregrinos serão testados antes de chegar à cidade sagrada de Meca e deverão ser colocados em quarentena antes e depois do ritual.


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