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Estado de Minas

Cidadania britânica para cidadãos de Hong Kong, uma oferta arriscada


postado em 02/07/2020 14:07

Diante da nova lei de segurança nacional imposta por Pequim a Hong Kong, o Reino Unido propõe conceder cidadania a parte dos habitantes de sua ex-colônia, mas enfrenta um grande obstáculo, a China, que poderá frustrar qualquer tentativa nesse sentido.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cumpre sua promessa à população daquele território, que foi devolvida à China em 1997, após a aprovação de uma lei que, segundo Londres e a maioria dos países ocidentais, viola a autonomia da Hong Kong.

- Todos podem obter o passaporte? -

A proposta do Reino Unido diz respeito a 2,9 milhões dos 7,5 milhões de pessoas de Hong Kong, que têm ou são elegíveis a ter um passaporte como Nacional Britânico de Ultramar (BNO, sigla em inglês para British National Overseas).

Eles poderão morar e trabalhar no Reino Unido por cinco anos, em comparação com os atuais seis meses, e finalmente solicitar a cidadania britânica.

Pequim, que não permite dupla cidadania, disse nesta quinta-feira que considera esses cidadãos de Hong Kong como cidadãos chineses de pleno direito.

No Reino Unido, algumas fontes afirmam que isso valeria principalmente aos idosos, que tinham direito a obter esses passaportes especiais antes da devolução de 1997.

O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, garantiu que não haverá cotas e que os parentes daqueles que têm o direito ao passaporte também podem solicitá-lo.

Raab admitiu que é provável que apenas "algumas" pessoas de Hong Kong consigam fazer parte do processo.

- O que acontece se a China se negar? -

A embaixada chinesa em Londres emitiu uma declaração nesta quinta-feira, alertando que Pequim tomará medidas de represália contra Londres, sem especificar quais.

A China nunca levantou a ideia de oferecer aos residentes britânicos um caminho para a cidadania chinesa, e essa perspectiva parece improvável.

No entanto, Pequim pode negar aos residentes de Hong Kong que cumpram as condições necessárias o direito de deixar ou reafirmar sua jurisdição legal sobre o processo de migração.

"Se o lado britânico mudar unilateralmente a regra atual, isso constituiria uma violação de sua própria posição e uma violação do direito internacional", alertou a embaixada.

O chefe da diplomacia britânica reconheceu na quarta-feira que "pouco" poderia ser feito para obrigar a China a permitir que hongkoneses fossem embora.

- O que mais o Reino Unido pode fazer? -

Em sua busca por parceiros - e produtos baratos - após sua saída da União Europeia no final de janeiro, Londres tenta fortalecer suas relações com a China.

Johnson, entretanto, está sendo pressionado por suas próprias fileiras conservadoras a abandonar essa estratégia.

Seu governo já está tentando ficar sem a gigante chinesa de telecomunicações Huawei em sua rede 5G, mas até agora tem sido difícil encontrar soluções alternativas.

Na opinião pública, a tendência parece estar se voltando contra Pequim.

Segundo uma pesquisa encomendada por um grupo de parlamentares conservadores, 72% dos britânicos estão dispostos a pagar mais pelos serviços de saúde e telecomunicações para obter mais independência.

E metade apoia sanções e um congelamento de ativos contra autoridades chinesas por sua política de Hong Kong.

- Os britânicos querem mais imigrantes? -

O controle das fronteiras foi um dos fatores principais no referendo do Brexit de 2016.

Entretanto, o clima parece ter se acalmado depois que o boom atingiu cinco anos atrás, com o afluxo de refugiados da Síria e de outros países do Oriente Médio para a Europa.

Grupos anti-imigração ativos durante a campanha do referendo da UE agora estão alarmados com a perspectiva de milhões de cidadãos de Hong Kong chegarem ao Reino Unido, mas essa visão está longe de ser compartilhada por outros grupos conservadores que apoiaram o Brexit.

A revista Spectator, na qual Boris Johnson trabalhou, faz campanha há décadas pelo apoio a Hong Kong e para que seus cidadãos tenham acesso à cidadania britânica.

Outros conservadores acreditam que a oferta de Londres deveria ter sido feita antes mesmo da entrega de 1997.


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