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Estado de Minas

Ameaça do coronavírus paira sobre peregrinação a Meca


postado em 16/06/2020 09:55

Faltando algumas semanas para a grande peregrinação a Meca, a Arábia Saudita enfrenta uma decisão difícil: limitar o número de peregrinos, ou anular o "hajj", uma das maiores aglomerações de pessoas no mundo, devido à pandemia de COVID-19?

O reino ainda não tomou uma decisão sobre o hajj, a peregrinação prevista para o final de julho.

Em 2019, a peregrinação que todo o muçulmano deve realizar pelo menos uma vez na vida, se tiver os meios para fazê-lo, reuniu 2,5 milhões de fiéis.

Tal aglomeração parece descartada este ano.

No final de março, Riade pediu aos países muçulmanos - encarregados de selecionar os peregrinos, pagar antecipadamente por seus custos de acomodação e transporte etc. - que adiassem os preparativos.

A decisão sobre o hajj "será tomada e anunciada em breve", disse uma autoridade saudita.

País muçulmano mais populoso do mundo, a Indonésia tomou a "amarga e difícil" decisão de renunciar ao hajj, assim como Malásia e Singapura.

O Senegal suspendeu "todas as formalidades de viagem" para os peregrinos. Outros países, como Egito, Marrocos, Turquia e Líbano, ainda aguardam uma decisão da Arábia Saudita.

Na França, o Conselho Francês Muçulmano pediu aos fiéis que "adiem" sua peregrinação para 2021.

Devido à proximidade entre os peregrinos, o hajj pode se tornar um enorme vetor de transmissão da COVID-19.

Qualquer decisão de limitar, ou anular, o hajj pode aumentar, porém, a raiva dos muçulmanos que acreditam que a religião deve estar acima dos problemas de saúde.

E a Arábia pode acabar sendo questionada sobre seu papel como guardiã dos lugares sagrados do Islã, uma fonte de legitimidade política dentro e fora do reino.

Vários incidentes mortais - incluindo um pisoteamento que causou 2.300 mortes em 2015 - já geraram críticas à administração do hajj por parte de Riade.

"O atraso em anunciar sua decisão mostra que a Arábia pesa as consequências políticas da anulação do hajj, ou da redução de sua magnitude", diz Umar Karim, pesquisador do Royal United Services Institute, de Londres.

"Estão ganhando tempo. Se os sauditas disserem no último minuto que estão prontos para o hajj, muitos países não estarão preparados para participar", comentou uma autoridade de um país do sul da Ásia.

Como vários voos internacionais foram suspensos, um hajj seria possível apenas com fiéis residentes na Arábia Saudita, acrescenta.

Com 120.000 casos e mil mortes declarados, a Arábia Saudita tenta conter o novo coronavírus. As autoridades reforçaram as medidas de confinamento em Jidá, a porta de entrada de Meca.

A anulação do hajj, mantido durante as epidemias de ebola e MERS-CoV, não teria precedentes desde que o reino foi fundado em 1932.

"Se a Arábia o mantiver, aumentará a pressão sobre seu sistema de saúde", diz Yasmine Farouk, do Carnegie Center.

Um hajj anulado, ou limitado, também significaria uma perda de renda para o reino, que já sofre o impacto da pandemia e da queda nos preços do petróleo.

Durante o hajj e a umra - a pequena peregrinação, que pode ser feita durante todo ano e foi suspensa em março -, os peregrinos injetam 10,6 bilhões de euros (US$ 12 bilhões) por ano na economia saudita, segundo o governo.

No caso da anulação do hajj, Riade desapontaria milhões de muçulmanos, que, às vezes, dedicam todas as suas economias a esse pilar do Islã.

"Eu ficaria de coração partido. Esperei anos por esse momento", lamenta a indonésia Ria Taurisnawati, de 37 anos.


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