Até o momento, a pandemia deixou quase 207.000 mortos para três milhões de infectados em todo mundo, segundo uma compilação feita pela AFP com base em dados oficiais.
Dada a magnitude da pandemia e em defesa de sua ação, criticada por ser lenta e tendenciosa pelos Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira (27) que não tem "mandato para obrigar os países a seguir seus conselhos".
"O mundo deveria ter ouvido atentamente a OMS porque a emergência global começou em 30 de janeiro", com 82 casos e nenhuma morte fora da China, disse o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus a repórteres em Genebra.
Na Europa, onde a pandemia deixa mais de 125.000 mortos, a doença começa a parecer sob controle nos quatro países europeus mais afetados: Itália (26.977), Espanha (23.521), França (23.293) e Reino Unido (21.092).
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson voltou ao trabalho nesta segunda-feira e, depois de se recuperar do COVID-19, pediu paciência aos cidadãos ao apontar que a curva da epidemia "começa a se inverter" e alertou que os "esforços e sacrifícios dos britânicos" não podem ser desperdiçados, dando espaço para uma "segunda grande epidemia".
O Reino Unido registrou 360 mortes nesta segunda-feira, seu saldo diário mais baixo desde março.
Cabelereiros abertos na Suíça
Na Espanha, onde nesta segunda-feira foram anunciadas 331 novas mortes, as autoridades afirmam que o país já consegiu achatar a curva de contágios e começou a aliviar no domingo o rigoroso confinamento em vigor desde 14 de março, permitindo que as crianças´possam brincar na rua durante uma hora por dia.
O confinamento foi prorrogado até 9 de maio e, na terça-feira, o governo de Pedro Sánchez apresentará um plano para suspender progressivamente as restrições.
A Noruega reabriu as escolas para crianças nesta segunda-feira. Uma semana após a reabertura da pré-escola, crianças entre seis e dez anos poderão retornar às aulas, embora em salas de aula limitadas a 15 alunos.
Os suíços, por sua vez, poderão voltar aos salões de cabeleireiro graças à reabertura de algumas lojas na segunda-feira, sob a condição de manter as medidas de distanciamento.
Na Alemanha e também na Áustria, grande parte das lojas foi aberta nos últimos dias, com pedidos de "distanciamento social" e a obrigação de usar uma máscara em locais públicos.
Na França, onde 437 novas mortes foram registradas em 24 horas na segunda-feira, o primeiro-ministro Edouard Philippe divulgará, nesta terça-feira, sua "estratégia nacional do plano de saída do confinamento", que deve começar em 11 de maio com a polêmica reabertura de escolas.
A Itália, onde as indústrias estratégicas retomaram suas atividades timidamente nesta segunda, apresentou seu plano de desconfinamento a partir de 4 de maio, mas as escolas permanecerão fechadas até setembro.
Volta às aulas na China
Na China, onde o coronavírus apareceu no final de 2019, estudantes do ensino médio em Pequim e Xangai voltaram às aulas na segunda-feira sob pesadas medidas de segurança, usando máscaras faciais e controles de temperatura, depois de quatro meses de férias após a pandemia.
"Estou feliz, já passou muito tempo desde que vi meus colegas", disse Hang Huan, 18 anos, à AFP em frente à escola secundária Chenjinglun, no leste da capital chinesa. "Senti muita saudade deles".
Em Pequim, apenas os alunos do ensino médio tiveram permissão para voltar às aulas nesta segunda-feira para se preparar para o 'gaokao', o temido vestibular de acesso à universidade.
Em Xangai, os alunos do ensino médio também retomaram as aulas. A maioria das escolas primárias e universidades da China ainda está fechada.
A China conseguiu conter a propagação do vírus, que oficialmente deixou 4.633 mortos no país, mas agora teme uma segunda onda de contaminação com os casos "importados", principalmente dos chineses que retornam ao país.
A Rússia, cada vez mais afetada pelo vírus, anunciou uma próxima reunião por videoconferência dos líderes dos cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta segunda-feira aos países que respeitem o Estado de Direito, limitando no tempo medidas excepcionais contra o coronavírus para evitar um "desastre" para os direitos humanos.
Bachelet também pediu a Bangladesh que permita a entrada de dois navios com centenas de refugiados muçulmanos rohingya.
Trump fará coletiva de imprensa
A Casa Branca informou segunda-feira que o presidente Donald Trump participará da coletiva de imprensa diária sobre o coronavírus à tarde, horas depois de anunciar o cancelamento da entrevista diária.
Trump não fez sua coletiva de imprensa habitual sobre a situação da saúde no país no domingo, após a chuva de críticas que recebeu por sua recomendação ("sarcástica", segundo ele) de injetar desinfetante no corpo dos pacientes. Os Estados Unidos são de longe o país mais afetado do mundo, com 54.841 mortes no total.
No Peru, onde existem cerca de 730 mortes, o confinamento durará até 10 de maio, mas o presidente Martín Vizcarra criticou o desrespeito às novas regras. "Ainda não há consciência real da magnitude do problema", avaliou o presidente.
No Brasil, o cacique Raoni Metuktire, uma figura importante na luta contra o desmatamento na Amazônia, fez um apelo internacional por doações no domingo, para que os povos indígenas do Brasil possam sobreviver isolados durante a pandemia.
Por seu lado, o mundo muçulmano entrou no quarto dia do Ramadã nesta segunda-feira, mas sem orações coletivas ou refeições compartilhadas, já que as mesquitas estão fechadas e as reuniões familiares proibidas, embora em países como o Paquistão muitos ignorem essas medidas.
A Arábia Saudita suspendeu parcialmente o toque de recolher nesta segunda-feira, exceto na cidade sagrada de Meca.