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Estado de Minas COVID-19

Argentina é mais eficiente contra a COVID-19 do que o Brasil

Mesmo com diferenças no tamanho da população e do território, Argentina mostra que isolamento rigoroso rendeu melhores resultados


postado em 15/04/2020 04:00 / atualizado em 15/04/2020 07:37

O presidente Alberto Fernández afirmou que se o país não tivesse adotado o distanciamento social os números hoje seriam muito piores(foto: Esteban Collazo/AFP)
O presidente Alberto Fernández afirmou que se o país não tivesse adotado o distanciamento social os números hoje seriam muito piores (foto: Esteban Collazo/AFP)

A Argentina superou ontem a barreira dos 100 mortos pelo coronavírus. Até a última atualização, o infeliz placar da COVID-19 naquele país trazia 2.277 casos confirmados e 102 mortos.

Comparado ao Brasil, proporcionalmente, levando em consideração que o país vizinho tem praticamente um quinto da nossa população (45 milhões de habitantes, contra 217 milhões no Brasil), os hermanos têm menos da metade de casos confirmados e um terço dos nossos mortos.

Se considerarmos 20% do total de 25.262 casos confirmados e 1.532 mortos do Brasil, nossos números seriam respectivamente 5.052 e 306. É lógico que os países apresentam grandes diferenças, a começar pelo tamanho do território, e essa comparação demográfica pode ser usada apenas para constatar que a doença está mais controlada na Argentina. Mas, o que nossos vizinhos têm feito de diferente para obter esses melhores resultados?

Curiosamente, foi a Argentina que registrou a primeira morte por COVID-19 na América Latina, em 7 de março, enquanto o primeiro país da região a confirmar uma infecção por coronavírus foi o Brasil, em 26 de fevereiro. De qualquer forma, a expansão da doença levou todos os países da região, com exceção do Brasil e do Uruguai, a restringir nacionalmente o movimento de seus cidadãos para conter a pandemia.

LOCKDOWN

Na Argentina, a quarentena total (lockdown) foi decretada em 20 de março, quando os cidadãos só podiam sair de casa para comprar comida ou medicamentos, sob pena de serem detidos por delito contra a saúde pública.

As fronteiras do país vizinho foram fechadas antes disso, em 15 de março, quando apenas argentinos e residentes estavam autorizados a entrar.

Inicialmente prevista até 30 de março, a quarentena já foi prorrogada duas vezes e atualmente tem término previsto para 26 de abril. Porém, a chance de haver outra prorrogação é grande. O retorno do funcionamento das escolas está marcado para agosto, no término do inverno, o que também é uma preocupação, já que existem teorias que apontam que a doença pode ser mais severa quando o clima está frio.

Em declaração recente, o presidente da Argentina Alberto Fernández afirmou que, caso o país não tivesse adotado o distanciamento social, hoje teria 45 mil casos confirmados e 83% dos leitos ocupados. Porém, aos poucos, o isolamento domiciliar vem relaxando, com a permissão de que novas categorias profissionais voltassem à ativa, cedendo à pressão de setores produtivos, como a mineração. Na segunda-feira, os bancos também começaram a funcionar, mas em turnos menores.

“Estamos entrando no segundo estágio da quarentena, a quarentena gerenciada. Vamos nos concentrar nos locais e atividades onde a quarentena pode ser atenuada. Não faz sentido manter o isolamento onde não há casos registrados”, disse Fernández no início da semana. Para cuidar dessa retomada, o governo federal criou uma comissão para avaliar caso a caso. O objetivo é manter o isolamento apenas nos locais com casos confirmados. Enquanto a maior incidência da doença se acumula nas capitais, províncias como Catamarca, Chubut e Formosa não tiveram casos confirmados de coronavírus.

Talvez por esta medida ser recente, ainda não houve uma demanda massiva de pedidos para flexibilizar a quarentena em locais específicos do país. Alberto Rodríguez Saá, governador da província de San Luis, no Centro-Oeste da Argentina, afirmou que está preparando um protocolo denominado "Anéis Sanitários", que delimitará as áreas geográficas com base no grau de risco que elas apresentam devido ao número de casos de coronavírus e que incluirá horário de funcionamento limitado para lojas.
O DJ argentino Ruan Martinez e sua família fizeram festa na varanda do apartamento, em Buenos Aires, cumprindo o lockdown(foto: Pedro Cerqueira)
O DJ argentino Ruan Martinez e sua família fizeram festa na varanda do apartamento, em Buenos Aires, cumprindo o lockdown (foto: Pedro Cerqueira)

CIRCULAÇÃO RESTRITA

Diferentemente do Brasil, na Argentina, a circulação de pessoas em veículos é bem restrita e fiscalizada. Mesmo quem exerce atividades reconhecidas como essenciais pelo governo precisa portar uma autorização para se deslocar pelo território nacional. Também existe uma licença especial para as atividades relacionadas aos serviços de saúde, que deve ser colocada no para-brisa do veículo para facilitar sua circulação. Já os cidadãos em isolamento social podem usar seus carros apenas em trajetos pequenos e essenciais para ir ao supermercado ou farmácia, por exemplo.

Desde o início da quarentena obrigatória, já foram mais de um milhão de motoristas fiscalizados em vias públicas argentinas. Desses, mais de 30 mil foram notificados ou detidos por não cumprimento do decreto, e mais de 2.500 veículos foram apreendidos. Quanto aos pedestres, somente na cidade de Buenos Aires, mais de 6 mil pessoas foram detidas ou notificados por não cumprirem o isolamento obrigatório, e depois levadas para suas casas porque não possuíam a documentação necessária para circular pela cidade.

Todos os que violarem a quarentena terão um processo judicial aberto. Os infratores terão que responder a um processo criminal e as sanções podem variar de multas a penas de prisão que variam de seis meses a 15 anos, dependendo da gravidade do crime. O serviço telefônico 147 do governo de Buenos Aires, criado para denunciar situações de não conformidade com a quarentena, já recebeu milhares de ligações. Também são feitas inspeções noturnas para verificar o funcionamento de bares. De acordo com um relatório do Ministério dos Transportes, o movimento no transporte público da província de Buenos Aires registrou queda de 97% no metrô, 92% em trens e 82% em ônibus.


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