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Estado de Minas CONFRONTO NO ORIENTE MéDIO

Plano de retirada vaza e EUA negam saída

Tropas americanas vão ficar no Iraque, segundo o Pentágono, que desautorizou comunicado do Exército sobre preparação para retorno. Bate-cabeças ocorre após multidão pedir vingança


postado em 07/01/2020 04:00 / atualizado em 06/01/2020 22:12


Ruas de Teerã ficaram lotadas durante as últimas homenagens ao general iraniano morto, Qassem Soleimani, que será enterrado hoje(foto: Atta Kenare/AFP)
Ruas de Teerã ficaram lotadas durante as últimas homenagens ao general iraniano morto, Qassem Soleimani, que será enterrado hoje (foto: Atta Kenare/AFP)




O secretário da Defesa dos Estados Unidos (EUA), Mark Esper, negou no começo da noite de ontem que as forças americanas deixarão o Iraque, depois de um general americano ter informado em carta ao governo iraquiano que as tropas estacionadas no país estariam se preparando para partir. “Não há qualquer decisão de deixar o Iraque... Não foi tomada nenhuma decisão de deixar o Iraque. Ponto final”, disse Esper, um dia depois de o Parlamento iraquiano votar a favor de uma determinação para a saída militar americana.

“A carta é inconsistente com o ponto em que estamos agora”, destacou Mark Esper. O desmentido joga mais água na fervura das tensões entre os EUA e o Irã, após o presidente norte-americano, Donald Trump, ter autorizado ataque que matou o comandante militar iraniano Qassem Soleimani e seu braço-direito Abu Mahdi al-Muhandis.

Uma multidão prestou homenagem ontem ao general Soleimani nas ruas de Teerã, clamando vingança pela morte do comandante e seus companheiros de armas no ataque americano no Iraque. Soleimani, arquiteto da política expansionista iraniana no Oriente Médio como chefe da força Al Quds, dos Guardiães da Revolução, morreu na sexta-feira em um atentado com um drone perto do aeroporto de Bagdá.

Diante do temor de uma explosão do conflito, os embaixadores dos países da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), a aliança militar do Ocidente, se reuniram ainda ontem em Bruxelas, e os ministros das Relações Exteriores da União Europeia o farão nesta sexta-feira na capital belga. Enquanto isso, a chanceler alemã, Angela Merkel, analisará a situação com o presidente russo, Vladimir Putin, neste sábado em Moscou. “Em nossa reunião, os aliados pediram moderação e distensão. Um novo conflito não beneficiará ninguém, razão pela qual o Irã deve se abster de mais violência e provocações”, declarou o chefe da Otan, Jens Stoltenberg.

Em Teerã, uma maré humana invadiu as avenidas Enghelab (“Revolução” na língua persa), Azadi (“Liberdade”) e seus arredores, com bandeiras vermelhas (cor do sangue dos “mártires”) ou iranianas, mas também libanesas e iraquianas. Visivelmente emocionado, o aiatolá Khamenei pronunciou breve oração em árabe na universidade de Teerã, diante dos caixões de Soleimani, do iraquiano Abu Mehdi Al Muhandis (número dois da coalizão paramilitar pró-iraniana Hashd Al Shaabi) e de outros quatro iranianos mortos no mesmo ataque.

O líder supremo e outros dirigentes presentes, como o presidente Hassan Rohani e o general Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária, deixaram rapidamente o local, antes de o cortejo abrir caminho com dificuldade entre a multidão para chegar à praça Azadi. Dali, o caixão com o corpo de Soleimani foi levado de avião para a cidade santa xiita de Qom para uma cerimônia. O general será enterrado hoje em Kerman, ao Sudeste do país, sua cidade natal.
 
 
(foto: Olivier Douliery/AFP )
(foto: Olivier Douliery/AFP )
 


Não foi tomada nenhuma decisão de deixar o Iraque. Ponto final”


Mark Esper, secretário da Defesa dos EUA
 
 
 

Caminho de volta 


O Exército dos EUA havia anunciado à tarde ao número dois do comando militar iraquiano que vai “reorganizar” as forças da coalizão antijihadista com vistas a “uma retirada do Iraque segura e eficaz”, em carta à qual a agência de notícias AFP obteve acesso. Dois comandantes militares, um americano e outro iraniano, confirmaram a autenticidade da carta, assinada pelo general William H. Seely, comandante das operações militares americanas no Iraque.

“Respeitamos a sua decisão soberana que ordena a nossa partida”, continuou a missiva, um dia depois de o Parlamento iraquiano aprovar uma moção para exigir que o governo expulse as tropas estrangeiras do Iraque, após o assassinato do general Qassem Soleimani. “Por respeito à soberania da República do Iraque e segundo o reivindicado pelo Parlamento e o primeiro-ministro, a Coalizão reorganizará suas forças [...] para se assegurar de que a retirada do Iraque se realize de forma segura e eficaz”, diz a carta.

Os Estados Unidos tinham 5.200 soldados deslocados no Iraque antes de que, na semana passada, chegassem várias centenas mais para proteger a embaixada americana, situada na Zona Verde – bairro de Bagdá cercado por importantes medidas de segurança –, atacada na terça-feira da semana passada por milhares de manifestantes pró-Irã.

Diante do aumento das tensões, Washington anunciou recentemente o envio de 3 mil a 3,5 mil soldados suplementares para a região, “muito provavelmente” destinando parte deles ao Iraque, segundo uma autoridade americana. Ontem, o premiê iraquiano, Adel Abdel Mahdi, – que apresentou sua demissão há meses – recebeu o embaixador americano Matthew Tueller, segundo seu gabinete. Abdel Mahdi insistiu na “necessidade de trabalhar juntos para retirar as forças estrangeiras do Iraque, como pediu o Parlamento”, destacou o gabinete.

Não está claro se essas mobilizações de tropas vão envolver o conjunto dos soldados dos 76 países-membros da coalizão.Enquanto o Irã ameaçou retaliar o assassinato, Trump alertou que seu país atacará “com muita força e rapidez” cerca de 52 alvos iranianos se a República islâmica atacar o pessoal ou bens americanos.


Alerta chega a americanos em Israel


A embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém divulgou comunicado ontem, no qual alerta os cidadãos americanos que vivem em Israel a “permanecerem vigilantes e tomarem medidas apropriadas” de segurança. “Tensões elevadas no Oriente Médio podem resultar em riscos à segurança dos cidadãos dos EUA no exterior”, diz o documento.

O aviso chega em meio ao aumento das tensões entre os EUA e o Irã, após um bombardeio americano próximo a um aeroporto em Bagdá, no Iraque, ter resultado na morte do general Qassim Suleimani. O comunicado da embaixada americana em Israel alerta, ainda, que “incidentes de segurança, incluindo foguetes, geralmente ocorrem sem aviso prévio” e dá instruções em caso de ataques aéreos. “A embaixada continuará analisando a situação de segurança e fornecerá informações adicionais conforme necessário”, destaca o documento.

O presidente Donald Trump disse, pelo Twitter, que não permitirá que o Irã tenha armas nucleares, um dia depois de Teerã anunciar sua decisão de ignorar os limites impostos ao seu programa de enriquecimento de urânio. “O Irã nunca terá a arma nuclear”, escreveu no Twitter em letras maiúsculas.

O tuíte foi postado um dia depois que Teerã anunciou que estava diminuindo ainda mais a observância das partes de um acordo internacional firmado para garantir que o país não desenvolva secretamente uma arma nuclear tendo como desculpa sua indústria nuclear civil.

Os Estados Unidos se retiraram em 2018 de um acordo nuclear alcançado em 2015 entre a república islâmica e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), além da Alemanha.



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