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Estado de Minas

Grupos pró-iranianos podem transformar Iraque em Estado pária


postado em 02/01/2020 12:25

O recente ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá demonstra que a presença de grupos pró-iranianos no Iraque é cada vez mais significativa e pode levar o país a se tornar um Estado pária - afirmam especialistas ouvidos pela AFP.

O Departamento americano da Defesa disse, por sua vez, esperar mais ataques destes grupos. Caso aconteçam, o Pentágono garantiu que "vão se arrepender".

O governo do Iraque vem tentando manter um difícil equilíbrio entre Irã e Estados Unidos, ambos aliados, à medida que aumentam as tensões desde a retirada de Washington, em 2015, do acordo sobre o programa nuclear iraniano.

A rivalidade regional também está afetando as forças de segurança iraquianas. Por um lado, os Estados Unidos treinam unidades do Exército iraquiano. Por outro, o Irã apoia o grupo Hashd al-Shaabi (Forças de Mobilização Popular), uma coalizão de milícias de maioria xiita.

Na terça-feira (31), centenas de integrantes do Hashd atacaram a embaixada americana, na chamada Zona Verde de Bagdá.

A facilidade, com a qual superaram os controles das tropas iraquianas treinadas pelos Estados Unidos, demonstra a força e a influência deste grupo, aponta Harith Hassan, um especialista do Carnegie Middle East Center.

"Uma facção político-militar impôs sua vontade e tomou todas as decisões", afirmou Hassan, motivo pelo qual "este novo ano será o princípio de anos de declínio, que levarão ao isolamento" do Iraque.

Fundado em 2014, o Hashd al-Shaabi faz parte oficialmente das forças do governo do Iraque e é dirigido por Faleh al-Fayadh, que também é conselheiro de segurança nacional.

Os Estados Unidos acreditam que esta rede de unidades esteja sendo usada pelo Irã para ampliar sua influência. Xiitas em sua maioria, muitas delas lutaram contra as forças americanas na invasão liderada por Washington em 2003.

A tensão aumentou na semana passada, quando um funcionário terceirizado de uma empresa americana que trabalhava no Iraque morreu em um ataque com foguetes atribuído às Brigadas do Hezbollah, uma facção radical e pró-iraniana do Hashd.

Este foi o último de uma série de ataques contra as forças americanas e a embaixada do Iraque, atribuído a grupos pró-iranianos por parte dos Estados Unidos.

- Mãos atadas -

Em conversa com a AFP, um funcionário de alto escalão do Departamento da Defesa dos EUA manifestou a frustração de Washington, porque as tropas iraquianas "não conseguiram, ou não quiseram", deter os ataques de foguetes.

Autoridades americanas e iraquianas estão preocupadas com o envio, nas últimas semanas, de unidades do Hashd para a Zona Verde, onde estão os prédios do governo, das Nações Unidas e de várias embaixadas estrangeiras. O ataque à embaixada demonstrou o controle deste grupo dentro da zona.

Um membro de uma unidade especial iraquiana na Zona Verde explicou à AFP que deixou membros do Hashd entrarem, porque tinha ordens para não intervir.

"Estamos de mãos atadas", comentou.

"O Hashd se tornou a força mais influente do Iraque, porque os militares e os líderes políticos estão permitindo isso", garantiu.

Entre os manifestantes no ato de terça-feira diante da embaixada americana, havia figuras importantes do aparelho de segurança do Iraque, como Fayadh, seu adjunto Abu Mahdi al-Muhandis e lideranças do Hashd, como Qais al-Khazaali e Hadi al-Ameri.

Sua presença foi duramente criticada pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo. No Twitter, o americano os chamou de "terroristas" e "apoderados iranianos".

"Tudo isso demonstra a grande influência de Teerã sobre Bagdá", avalia Phillip Smyth, um especialista em grupos armados xiitas.

O ataque à embaixada também pode ter consequências diplomáticas. Os Estados Unidos já decidiram não convidar o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi para ir a Washington, por considerá-lo "muito próximo" do Irã.

"O Iraque pode se tornar um Estado pária, isolado do restante do mundo, como a Venezuela, a Coreia do Norte e outros", disse um alto diplomata iraquiano à AFP.

O ataque de terça-feira à embaixada remonta à crise dos reféns de 1979, em Teerã, assim como ao ataque de 2012 contra um consulado dos Estados Unidos em Benghazi, a segunda cidade da Líbia.


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