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Estado de Minas

Boris Johnson quer colocar UE contra as cordas na próxima fase do Brexit


postado em 17/12/2019 09:31

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se mostra determinado a tomar a dianteira na negociação da próxima fase do Brexit com Bruxelas e está disposto a proibir por lei um adiamento do período de transição.

Reeleito com ampla maioria nas legislativas da semana passada, o líder conservador parece decidido a não cometer os mesmos erros de sua antecessora Theresa May.

Muitas pessoas consideram que faltou firmeza para a ex-primeira-ministra ante as exigências da União Europeia (UE) e seu principal negociador, o francês Michel Barnier, que tem fam de implacável.

A situação provocou três adiamentos sucessivos do Brexit, inicialmente previsto para março de 2019 e agora adiado para 31 de janeiro de 2020.

Com 365 dos 650 deputados na nova Câmara dos Comuns, Johnson tem a certeza de obter finalmente a aprovação do acordo de divórcio.

Mas logo em seguida começará uma segunda fase, muito mais complicada, de negociação: a da futura relação comercial entre o Reino Unido e os 27.

Esta deve acontecer durante o denominado "período de transição", prazo durante o qual nada mudará e que deve permitir a preparação de empresas e administrações públicas para a saída efetiva do bloco.

Destinado a evitar uma caótica ruptura brutal e permitir a negociação da futura relação, o prazo termina, segundo o acordo de divórcio em 31 de dezembro de 2020. A medida pode ser ampliada por até dois anos, mas para isto Londres deve apresentar o pedido até 1 de julho.

O programa eleitoral do Partido Conservador "afirmava claramente que não não ampliaríamos o período de transição", declarou uma fonte de Downing Street.

Determinada a manter a promessa, a equipe de Johnson está reescrevendo o projeto de lei que deve traduzir para a legislação britânica o Tratado de Retirada assinado com Bruxelas para "proibir ao governo aceitar qualquer extensão", completou a fonte.

O texto será apresentado ao novo Parlamento na sexta-feira, mas a aprovação final deve ficar para depois do recesso de fim de ano.

- Mandando uma mensagem clara -

Muitos questionaram nesta terça-feira o sentido da estranha movimentação política por quê um primeiro-ministro precisa de uma lei que o impeça de fazer algo que não deseja fazer?

"Penso que a UE achará estranho que o Reino Unido esteja fechando opções que ele próprio poderia utilizar mais adiante no processo, se assim decidisse. Quero dizer que ninguém está forçando o Reino Unido a solicitar um período de transição mais longo, mas eles têm a opção de fazê-lo se assim desejarem", reagiu o vice-primeiro-ministro da Irlanda, Simon Coveney.

O objetivo evidente é mandar uma mensagem clara a Bruxelas sobre sua determinação a acabar com a negociação de forma rápida.

Onze meses para negociar um acordo de livre comércio é considerado um prazo "muito curto" pela UE, especialmente levando em consideração que Johnson já afirmou que rejeita um tratado que simplesmente retome as atuais regulamentações europeias.

E as autoridades europeias temem o surgimento de um concorrente desleal em sua fronteira.

"Está totalmente descartado concluir as negociações a qualquer preço", advertiu o novo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Mas não se deve esquecer que, embora agora a situação no Parlamento seja muito diferente, Johnson foi forçado em outubro pelos deputados - incluindo os rebeldes expulsos de seu Partido Conservador - a solicitar um terceiro adiamento na data de saída da UE, apesar de ele ter declarado que preferia "estar morto em uma vala" a fazer o pedido.

A movimentação reavivou os temores de que o Reino Unido abandone a UE no dia 1 de janeiro de 2021 de forma brutal, uma perspectiva que provocou nesta terça-feira uma desvalorização da libra esterlina. Às 9H30 (locais, 6H30 de Brasília) a moeda perdia 1,2%, após as fortes altas registradas em consequência da vitória eleitoral esmagadora de Johnson na quinta-feira.


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