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Estado de Minas

Cresce temor na Bolívia com eleição de governo frágil sem maioria


postado em 17/10/2019 10:07

A perspectiva de que a Bolívia eleja no domingo (20) um presidente sem maioria absoluta no Parlamento, condição indispensável para impulsionar suas políticas, está abrindo espaço para o temor de que deflagre uma crise econômica, após 13 anos de prosperidade.

Um governo fraco, como antecipam as pesquisas, é um complicador, em especial porque a próxima administração - seja qual for - deverá aplicar medidas corretivas para uma época de franco declínio dos preços internacionais das matérias-primas. A Bolívia exporta, principalmente, gás e minerais.

Contando com a boa saúde da economia, o presidente Evo Morales busca seu quarto mandato consecutivo frente ao ex-presidente Carlos Mesa. No encerramento da campanha, disse que o povo "tem apenas um pedido: cuide da economia".

"Seja quem for, o ganhador não terá maioria. Haverá um Congresso dividido, e a governabilidade será mais complicada", prevê Ibo Blazicevic, presidente da Câmara Nacional de Indústrias, citado pela agência católica Fides.

"Além disso, há um contexto internacional de declínio no crescimento mundial", completa.

Michael Shifter, presidente do "think tank" Inter-American Dialogue, que fica em Washington, aponta que, "com a queda dos preços das matérias-primas, o governo de Morales se viu obrigado a pedir mais empréstimos e a reduzir as reservas para tentar manter os bons tempos".

- As conquistas -

Segundo o ministro da Economia, Luis Arce, desde que Morales assumiu, o PIB quadruplicou, passando de US$ 9,5 bilhões para US$ 40,8 bilhões. Para 2019, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento de 3,9% para a Bolívia.

Quando chegou ao poder, em 2006, Morales encarou um processo constante de nacionalizações. O primeiro passo foi a expropriação dos hidrocarbonetos, desde meados da década de 1990 nas mãos de uma dúzia de companhias estrangeiras, como a espanhola Repsol, a brasileira Petrobras e a francesa Total.

As novas regras do jogo que deram à Bolívia o controle do setor permitiram, por exemplo, a criação e a concessão de benefícios sociais.

"Em nível regional, a Bolívia deixou de ser o país mais pobre, e (a pobreza) passou de 38,7%, em 2005, para 17,1% em 2017", de acordo com um recente informe oficial.

A oposição critica Morales, porém, pela má gestão da economia e por um agudo endividamento. Em 2006, a dívida externa beirava os US$ 5 bilhões e, em julho deste ano, chegava a US$ 10,605 bilhões.

"Duplicamos a dívida externa. Dizemos isso com clareza, mas o que a oposição não diz é que (neste período) a renda dos bolivianos quadruplicou", alegou Arce.

Segundo ele, a dívida boliviana, que representa 23% do PIB, é sustentável, e o país ainda tem uma margem para continuar contraindo empréstimos externos.

Usados para atenuar a desaceleração da economia, as reservas internacionais líquidas e outros ativos caíram de um patamar histórico de US$ 14 bilhões para US$ 8,316 bilhões em junho deste ano.

- Panorama econômico adverso -

Além disso, fora a Venezuela, a Bolívia acumulou em 2018 o déficit fiscal mais alto da região: US$ 3,2 bilhões, seu nível mais alto em três décadas, informa a Fundação Milênio.

"O modelo econômico boliviano teve sucesso durante alguns anos, mas já não é sustentável", disse Shifter à AFP.

Com tarefas pendentes como ajustar o preço da gasolina subvencionada, Blazicevic recomenda "ter muito cuidado", na esteira dos distúrbios causados no Equador, após o aumento dos combustíveis.

Gaspard Estrada, especialista da América Latina do instituto Sciences Po, Paris, disse à AFP que, embora a Bolívia "tenha sido transformada por Evo", o país "depende muito das exportações e não está integrada à cadeia de valor internacional".

Agora, a Bolívia se prepara para dar o salto na produção industrial de lítio, metal crucial para a indústria eletromotriz liderada pela China, país com o qual tem um convênio assinado.


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