O Prêmio Nobel de Química foi concedido nesta quarta-feira ao americano John Goodenough, ao britânico Stanley Whittingham e ao japonês Akira Yoshino pela invenção das baterias de íon-lítio, presentes atualmente em muitas tecnologias cotidianas.
"Esse tipo de bateria leve, recarregável e poderosa é usada atualmente em todos os lugares, em telefones e computadores e veículos elétricos", afirmou a Academia Real Sueca de Ciências, que concede o prêmio.
"Ela também pode conservar quantidades significativas de energia solar e eólica, abrindo caminho para uma sociedade livre de combustíveis fósseis", explicou.
Após as crises do petróleo dos anos 1970, Stanley Whittingham começou a pesquisar fontes de energia não fósseis. Foi assim que criou um cátodo inovador em uma bateria de lítio a partir de dissulfeto de titânio (TiS2).
John Goodenough, que aos 97 anos se torna o ganhador do Nobel mais velho da história, previu que as propriedades desse cátodo poderiam aumentar se ele fosse produzido a partir de óxido metálico em vez de dissulfeto. Em 1980, ele demonstrou que a combinação de óxido de cobalto e íons de lítio poderia produzir até 4 volts.
Por sua vez, Akira Yoshino criou a primeira bateria comercial, em 1985.
Primeiro metal da Tabela Periódica de Mendeleev, o lítio também é o mais leve, uma característica importante para os dispositivos eletrônicos.
5 mulheres premiadas
O prêmio de Química de 2018 foi para a americana Frances Arnold, seu compatriota George Smith e o britânico Gregory Winter por seus trabalhos explorando os mecanismos da evolução para criar novas e melhores proteínas em laboratório.
Antes de Frances Arnold, Marie Curie (1911), sua filha Irene Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964) e Ada Yonath (2009) foram distinguidas em química.
Quando recebeu seu prêmio, Marie Curie se tornou a primeira ganhadora a ganhar dois prêmios Nobel, depois de já ter sido agraciada com o Prêmio de Física em 1903.
A Medicina abriu a temporada do Nobel de 2019 na segunda-feira com a coroação de dois americanos, William Kaelin e Gregg Semenza, bem como do britânico Peter Ratcliffe, autores de descobertas sobre a adaptação das células à falta de oxigênio que abrem perspectivas promissoras para o tratamento do câncer e da anemia.
O prêmio de Física foi entregue na terça-feira ao canadense-americano James Peebles, que seguiu os passos de Einstein para esclarecer as origens do universo, e aos suíços Michel Mayor e Didier Queloz, que revelaram pela primeira vez a existência de um planeta fora do sistema solar.
Quinta-feira será a vez do Nobel de Literatura, que terá dois vencedores, um para 2018 e outro para 2019, depois que a Academia Sueca, que o concedeu, adiou a premiação do ano passado em razão de um escândalo de agressão sexual.
O Prêmio Nobel de Economia, criado em 1968 pelo Banco da Suécia por ocasião do seu centenário, marcará a temporada de premiações concedidas pelas instituições suecas.
Enquanto isso, em Oslo, na sexta-feira, 11 de outubro, será entregue o prestigioso prêmio da Paz pelo Comitê do Nobel da Noruega.
Os laureados recebem um cheque de 9 milhões de coroas (830.000 euros), a ser compartilhado, se necessário, entre os ganhadores do mesmo prêmio, além de uma medalha e um diploma.
Ganhadores do Nobel de Química nos últimos 10 anos
2019: John Goodenough (Estados Unidos), Stanley Whittingham (Grã-Bretanha) e Akira Yoshino (Japão) pela invenção das baterias de íon-lítio, presentes em numerosas tecnologias da vida cotidiana.
2018: Frances H. Arnold, George P. Smith (Estados Unidos) e Gregory P. Winter (Reino Unido) por seus trabalhos que aplicam os mecanismos da evolução para criar novas e melhores proteínas em laboratório.
2017: Jacques Dubochet (Suíça), Joachim Frank (Estados Unidos) e Richard Henderson (Reino Unido) por terem desenvolvido a microscopia crio-eletrônica, um método revolucionário de observação das moléculas em 3D.
2016: Jean-Pierre Sauvage (França), Fraser Stoddart (Reino Unido) e Bernard Feringa (Holanda), pais das minúsculas "máquinas moleculares" que prefiguram os nanorobôs do futuro.
2015: Tomas Lindahl (Suécia), Paul Modrich (EUA) e Aziz Sancar (EUA/Turquia) por seus trabalhos sobre o mecanismo de reparação do DNA, que pode conduzir a novos tratamentos contra o câncer.
2014: Eric Betzig, William Moerner (Estados Unidos) e Stefan Hell (Alemanha), pelo desenvolvimento da microscopia fluorescente de alta resolução.
2013: Martin Karplus (Estados Unidos/Áustria), Michael Levitt (Estados Unidos/Reino Unido) e Arieh Warshel (Estados Unidos/Israel), pelo desenvolvimento de modelos multiescala de sistemas químicos complexos.
2012: Robert Lefkowitz e Brian Kobilka (Estados Unidos) por seus trabalhos sobre receptores que permitem às células compreender seu entorno, um avanço essencial para a indústria farmacêutica.
2011: Daniel Shechtman (Israel), pela descoberta da existência de um novo tipo de material, os "quase-cristais".
2010: Richard Heck (Estados Unidos), Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki (Japão), pela criação de uma das ferramentas mais sofisticadas da química, que abre o caminho para tratamentos contra o câncer e produtos eletrônicos e plásticos revolucionários.