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Estado de Minas

Três cosmólogos vencem o Nobel de Física

James Peebles vem pesquisando há cerca de 20 anos a origem do universo; Michel Mayor e Didier Queloz descobriram planeta fora da Via Láctea


postado em 08/10/2019 07:55 / atualizado em 08/10/2019 11:43

(foto: Jonathan NACKSTRAND / AFP)
(foto: Jonathan NACKSTRAND / AFP)

O canadense-americano James Peebles e os suíços Michel Mayor e Didier Queloz foram anunciados nesta terça-feira como os vencedores do prêmio Nobel de Física por seus trabalhos em cosmologia.

"O prêmio é metade para James Peebles por descobertas teóricas em cosmologia física e metade, de maneira conjunta, para Michel Mayor e Didier Queloz pela descoberta de um exoplaneta ao redor de uma estrela do tipo solar", anunciou Göran Hansson, secretário-geral da Academia Real de Ciências da Suécia.

Os três cientistas, astrofísicos e astrônomos contribuíram para "uma nova compreensão da estrutura e da história do universo".

"Seus trabalhos mudaram para sempre nossas concepções do mundo", destacou a Academia.

Os trabalhos de James Peebles, 84 anos e titular da cadeira Albert Einsteins na Universidade de Princeton, "nos levam à infância do universo", através da observação de raios de luz que apareceram 400.000 anos depois do Big Bang - ocorrido há 14 bilhões de anos - e que viajaram até nós.

O astrofísico sempre se interessou pelo cosmo, com bilhões de galáxias e grupos de galáxias. Seu marco teórico, desenvolvido durante duas décadas, se aprofunda na gênese do universo, do Big Bang até os dias atuais.

"Seus trabalhos nos revelaram um universo do qual apenas 5% do conteúdo é conhecido: a matéria que compõe estrelas, planetas, árvores - e nós. O resto, 95%, é matéria escura e energia escura. Este é um mistério e um desafio para a física moderna", ressalta a Academia.

Por telefone, Peebles declarou que a natureza desses elementos continua em aberto: "ainda que a teoria tenha sido inteiramente testada, devemos admitir que a matéria negra e energia negra são misteriosas".

Michel Mayor, 77 anos, professor no Observatório da Faculdade de Ciências da Universidade de Genebra, e seu doutorando Didier Queloz, 53 anos, exploraram nossa galáxia, a Via Láctea, em busca de mundos desconhecidos.

Em 1995 eles descobriram pela primeira vez um planeta fora do nosso Sistema Solar, um exoplaneta, orbitando ao redor de uma estrela solar, 51 Pegasi b.

"Ninguém sabia se os exoplanetas existiam ou não", recordou Mayor em comunicado divulgado pela Universidade de Genebra.

"Astrônomos de prestígio os procuravam há anos... em vão!"

"De repente, enriquecemos nossos 'zoológico' de planetas com outros sistemas planetários: é como na medicina quando olhamos para outros animais para entender melhor o ser humano. Foi uma revolução", explicou à AFP François Forget, planetologista do CNRS.

Desde então, a busca por um planeta com características semelhantes às da Terra, favoráveis à vida, continua.

Mas dos milhares de exoplanetas confirmados hoje, apenas alguns deles estão em zona habitável, ou seja, nem muito perto nem muito longe de sua fonte de calor, mas onde a temperatura permite que a água exista no estado líquido e onde a vida, como a conhecemos, poderia se desenvolver.

Uma temperatura bastante semelhante à da Terra.

Eles receberão o prêmio das mãos do rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, em uma cerimônia luxuosa em Estocolmo, no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel, inventor da dinamite e criador dos prêmios.

O Prêmio Nobel de Física do ano passado foi para um trio de pesquisadores cujos estudos sobre laser produziram instrumentos de alta precisão usados na indústria e na medicina.

Exploradores do infinitamente pequeno e dos confins celestes, o americano Arthur Ashkin, decano dos laureados com o Nobel aos 96 anos, o francês Gérard Mourou e a canadense Donna Strickland desenvolveram feixes capazes de capturar células, reparar um olho ou, eventualmente, desintegrar lixo espacial.

Depois de Marie Curie (1903) e da alemã-americana Maria Goeppert-Mayer (1963), Donna Strickland foi a terceira mulher a receber o Nobel de Física desde 1901.

Na segunda-feira, o Nobel de Medicina confirmou o domínio esmagador dos americanos nos Prêmios Nobel das disciplinas científicas ao recompensar William Kaelin e Gregg Semenza, assim como o britânico Peter Ratcliffe, autores de descobertas sobre a adaptação das células à falta de oxigênio que abrem perspectivas promissoras no tratamento de câncer e anemia.

Quarta-feira será a vez do Nobel de Química e na quinta o de Literatura, que terá dois vencedores, um para 2018 e outro para 2019, depois que a Academia Sueca, que o concedeu, adiou a premiação do ano passado em razão de um escândalo de agressão sexual.

O Prêmio Nobel de Economia, criado em 1968 pelo Banco da Suécia por ocasião do seu centenário, marcará a temporada de premiações concedidas pelas instituições suecas.

Enquanto isso, em Oslo, na sexta-feira, 11 de outubro, será entregue o prestigioso prêmio da Paz pelo Comitê do Nobel da Noruega.

Os laureados recebem um cheque de 9 milhões de coroas (830.000 euros), a ser compartilhado, se necessário, entre os ganhadores do mesmo prêmio, além de uma medalha e um diploma.

Os vencedores do Nobel de Física nos últimos 10 anos

2019: James Peebles (Canadá-Estados Unidos) e Michel Mayor e Didier Queloz (Suíça) por suas descobertas teóricas em cosmologia física e pela descoberta de um exoplaneta ao redor de uma estrela do tipo solar, respectivamente.

 

2018: Arthur Ashkin (Estados Unidos), Gérard Mourou (França) e Donnna Strickland (Canadá) por suas pesquisas no campo do laser que abriram o caminho para a criação de instrumentos de precisão avançada na medicina e na indústria.


2017: Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne (Estados Unidos) pela observação das ondas gravitacionais, que confirma uma previsão de Albert Einstein em sua teoria geral da relatividade.


2016: David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz (Reino Unido) por seus trabalhos sobre os isolantes topológicos, materiais "exóticos" que podem permitir em um futuro mais ou menos próximo criar computadores superpotentes.


2015: Takaaki Kajita (Japão) e Arthur B. McDonald (Canadá), pela descoberta das oscilações dos neutrinos, que demonstram que estas enigmáticas partículas têm massa.


2014: Isamu Akasaki e Hiroshi Amano (Japão) e Shuji Nakamura (Estados Unidos), inventores do diodo emissor de luz (LED).


2013: François Englert (Bélgica) e Peter Higgs (Reino Unido), por trabalhos sobre o bóson de Higgs, também conhecido como 'partícula de Deus'.


2012: Serge Haroche (França) e David Wineland (Estados Unidos), por pesquisas em óptica quântica que permitiram a criação de computadores superpotentes e relógios com precisão extrema.


2011: Saul Perlmutter e Adam Riess (Estados Unidos), Brian Schmidt (Austrália/EUA), por suas descobertas sobre a expansão acelerada do universo.


2010: Andre Geim (Holanda) e Konstantin Novoselov (Rússia/Reino Unido), por trabalhos pioneiros no desenvolvimento do grafeno, um material revolucionário que transformou a eletrônica, em particular a construção de computadores e transistores.

 


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