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Estado de Minas

Cúpula do G7: Irã, China, Amazônia e aposta de Trump na conciliação


postado em 26/08/2019 11:25

Os líderes do G7 demonstraram nesta segunda-feira uma unidade rara desde a eleição de Donald Trump - que adotou um tom conciliador sobre várias questões -, e aprovaram uma ajuda de emergência para combater as queimadas na Amazônia.

No final da cúpula anterior do G7, em junho de 2018 no Canadá, o presidente americano havia se recusado a assinar o comunicado final.

Desta vez, na reunião de Biarritz, no sudoeste da França, o presidente francês Emmanuel Macron conseguiu estabelecer um ambiente mais consensual, multiplicando as iniciativas, com um golpe diplomático sobre o Irã.

Distante das costumeiras ameaças sobre o Irã, Donald Trump declarou ter aprovado ele mesmo a visita surpresa do chefe da diplomacia iraniana no domingo à Biarritz, à margem da cúpula, mesmo sem querer encontrá-lo.

"É muito cedo para encontrá-lo", disse. Mas sobre a presença do diplomata, o presidente Macron "pediu minha aprovação", afirmou ainda.

"Eu disse a ele: se é isso o que você quer, faça!. Estava ciente de tudo o que ele estava fazendo e aprovei", assegurou.

Esta presença surpresa parece ter aliviado um pouco a tensão sobre a questão nuclear iraniana, enquanto o Golfo segue à beira do caos após uma série de ataques a petroleiros e da destruição pelo Irã de um drone americano.

"É um grande avanço", comemorou a chanceler alemã Angela Merkel.

Em Biarritz, Zarif se reuniu apenas com Macron e com o seu colega francês Jean-Yves Le Drian, bem como com representantes alemães e britânicos.

Mas existe "agora uma atmosfera que permite discussões, tudo isso em coordenação com os Estados Unidos , o que já é muito", ressaltou a chanceler.

Em Teerã, o presidente Hassan Rohani também defendeu o diálogo em nome "dos interesses nacionais", frente às críticas da ala dura do regime.

- "Extraordinariamente desrespeitoso" -

Em 2018, Trump abandonou o acordo de Viena visando a impedir o Irã de se dotar da arma atômica e reintroduziu pesadas sanções que asfixiam a economia iraniana.

Teerã respondeu abandonando progressivamente o acordo, para o desespero dos europeus.

Esta sequência de ações provocou uma escalada na Golfo, onde vários petroleiros foram sabotados e um drone americano abatido pelo Irã.

"Não procuramos a mudança de regime em Teerã, mas queremos um Irã rico e que não seja nuclear", assegurou Trump, que exige um novo acordo.

Sobre o meio ambiente, Donald Trump não participou da reunião em Biarritz sobre o assunto, dando prioridade a encontros bilaterais.

Mas o G7 prometeu uma ajuda de emergência de 20 milhões de dólares para enviar aviões de combate a incêndios à Amazônia.

Os sete países mais industrializados (França, Alemanha, Gã-Bretanha, Itália, Estados Unidos, Canadá e Japão) também concordaram com uma ajuda a médio prazo destinada ao reflorestamento, e que será finalizada para a Assembleia Geral da ONU no final de setembro.

A mobilização de Emmanuel Macron sobre a questão valeu insultos no Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer comentários ofensivos contra primeira-dama Brigitte Macron.

"Comentários extraordinariamente desrespeitosos", lamentou o chefe de Estado, que desejou aos brasileiro um presidente "que se comporte à altura".

- Acordo sobre gigantes tecnológicos -

À frente da guerra comercial com a China, o presidente americano também enviou sinais positivos, anunciando que as negociações com Pequim serão retomadas "muito em breve", apesar de uma nova queda de braço na sexta-feira sobre direitos aduaneiros.

"Os chineses querem um acordo (...) acho que vamos encontrar um", disse ele, pressionado por seus colegas do G7 a agir para evitar que esse conflito arruíne a economia global.

Donald Trump e Emmanuel Macron também parecem próximos de um acordo sobre a tributação de gigantes digitais, os "GAFA" - já introduzido na França, mas fortemente criticado em Washington, após um fim de semana de negociações delicadas.

"Eles querem um acordo e vamos ver se chegamos lá. Estamos perto", comentou Trump, que havia tratado o presidente de "imbecil" sobre o assunto.

A cúpula aconteceu no ambiente muito aconchegante de Biarritz, renomada estância balneária do Atlântico, que havia sido isolada pela polícia, com cerca de 13.000 policiais e gendarmes implantados em toda a região.

Ativistas anti-G7 participaram de uma marcha simbólica no meio do dia para tentar penetrar na "zona vermelha" da cúpula em Biarritz, a fim de "acusar publicamente" os sete líderes de "ilegitimidade".

No plano da segurança, o governo francês passou no teste com sucesso, evitando as manifestações violentas, enquanto a França viveu no inverno passado a crise dos coletes amarelos.


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