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Estado de Minas

Aprovado relatório do IPCC sobre impacto do uso do solo em alimentos e clima


postado em 07/08/2019 16:31

O relatório dos especialistas do IPCC sobre o vínculo entre as mudanças climáticas e o uso do solo foi aprovado pelos governos nesta quarta-feira (7), após uma sessão de debates em Genebra, onde será publicado na manhã de quinta-feira.

O IPCC finalizou este informe temático "após uma sessão final maratônica" às 10h30 GMT (07h30 em Brasília), tuitou Stephen Cornelius, da ONG WWF.

As discussões, em princípio programadas até a terça-feira, terminaram nesta quarta após uma última sessão de aproximadamente 28 horas.

Na quinta, será revelado o conteúdo exato do "resumo para os tomadores de decisão políticos", de cerca de 1.200 páginas e que foi aprovado por consenso após uma revisão linha por linha por parte dos participantes, em consulta com cientistas.

"Estamos muito contentes de que este informe tenha sido aprovado", afirmou Fernanda Carvalho, também da WWF.

O texto é fundamental, dado que ressalta "que a forma como utilizamos os solos não tem impacto apenas no clima, mas também na capacidade destes em proporcionar meios de vida às pessoas, à natureza e à biodiversidade", acrescentou.

- Alimentação X clima? -

Esta perícia científica, a mais completa realizada até hoje sobre o tema, analisa o estado dos solos, os impactos atuais e futuros das mudanças climáticas, e também a maneira como a modificação do uso dos solos afeta o clima.

Os autores estudaram também o sistema alimentar mundial, seus limites e a evolução das dietas, em particular em referência ao aumento do consumo de carne. Cerca de 820 milhões de pessoas passam fome, dois bilhões de adultos têm obesidade ou sobrepeso, e se desperdiça 30% dos alimentos.

O informe também aborda a luta contra a desertificação, o papel das mulheres e das comunidades autóctones.

Por trás deste assunto complexo, que diz respeito a domínios muito diversos - condições de vida de muitas pessoas, preservação de ecossistemas, interesses das potentes indústrias agroalimentares e florestais - há uma pergunta fundamental: como alimentar uma população que pode chegar a 11,2 bilhões de pessoas em 2100, limitando o aquecimento global a 1,5°C, meta ideal do Acordo Climático de Paris?

Como se pode alcançar isto sem provocar uma intensa concorrência pelo uso dos solos e sem degradar ainda mais os ecossistemas, enquanto as atividades humanas já danificaram aproximadamente um quarto da massa de terra superficial não coberta pelo gelo?

Alguns são partidários de soluções baseadas em bioenergias, ou seja, produzidas a partir de madeira, produtos agrícolas ou resíduos orgânicos, e a tecnologia dos BECCS (bioenergia com captura e armazenamento de carbono), cuja finalidade é produzir energia enquanto se elimina o CO2 da atmosfera.

Outros atores advertem contra o perigo que o uso destas técnicas em grande escala representa, visto que requereriam grandes superfícies de terras que já não poderiam ser utilizadas para a agricultura e/ou pecuária.

Este tema foi justamente um dos principais obstáculos a superar durante as discussões em Genebra, segundo observadores.

Este informe especial é consequência de outro sobre a viabilidade do objetivo de 1,5°C, publicado em outubro passado. Este sacudiu a opinião pública e centenas de milhares de pessoas foram às ruas para exigir a seus governos que agissem com mais rapidez.

Um terceiro informe "especial", neste caso dedicado aos oceanos e à criosfera (banquisa - camada de água congelada nos oceanos -, geleiras, calotas polares) deve ser aprovado no fim de setembro em Mônaco, coincidindo com a cúpula sobre o clima que a ONU organizará em Nova York.


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