Os socialistas e a esquerda radical do Podemos negociaram nesta quarta-feira com discrição e contra o relógio para tentar salvar na quinta-feira a investidura de Pedro Sánchez como presidente do governo espanhol.
As equipes negociadoras dão informações a conta-gotas, faltando menos de 24 horas para que a Câmara dos Deputados vote pela segunda vez a posse do líder socialista.
Segundo fontes do Podemos, seu chefe negociador, Pablo Echenique, manteve nesta quarta-feira uma reunião com a atual vice-presidente, Carmen Calvo, depois de a esquerda radical denunciar que haviam sido vetados na negociação os chamados ministérios de Estado - Exteriores, Interior, Justiça, Defesa -, além da presença de seu líder, Pablo Iglesias.
A negociação avançava com bastante dificuldade, segundo fontes do Podemos, que lamentaram que, apesar das renúncias acima mencionadas, "o PSOE não está disposto a compartilhar qualquer pasta social".
O Parlamento espanhol rejeitou a terça-feira, em uma primeira votação, a posse como chefe de governo de Sánchez, que agora depende do apoio da esquerda radical do Podemos, com quem ele trava difíceis negociações para formar uma coalizão.
O atual líder em exercício espanhol obteve 124 votos a favor, 170 contra e 52 abstenções, longe da maioria absoluta de 176 dos 350 deputados de que precisava.
A segunda votação acontece nesta quinta-feira.
O resultado desta primeira votação era esperado. Na segunda-feira, o debate parlamentar envolveu uma troca de críticas e de ameaças entre o líder socialista de 47 anos e Pablo Iglesias, líder do Podemos (esquerda radical).
O Partido Socialista (PSOE) precisa agora do apoio de mais 41 deputados da esquerda radical e de partidos regionais, incluindo separatistas catalães.
Na quinta-feira, uma maioria simples será suficiente, mas isso o levará a ter que se entender com o Podemos.
Os dois partidos iniciaram negociações na sexta-feira, depois que Pablo Iglesias cedeu às exigências de Pedro Sánchez ao desistir de entrar no governo.
Se alcançarem um acordo, a Espanha terá seu primeiro governo de coalizão à esquerda desde 1936, quando eclodiu a guerra civil.
Se fracassar, Pedro Sánchez terá dois meses para tentar novamente, caso contrário, novas eleições legislativas, a quarta em quatro anos, serão realizadas em 10 de novembro.
Ainda há a questão da retomada dos debates nesta terça será marcada pela questão catalã.
O separatista catalão Gabriel Rufian, cujo grupo deve se abster para permitir que Pedro Sánchez seja reconduzido, acusou-o de ter sido "irresponsável e negligente ontem".
Pedro Sánchez é firmemente contrário à principal exigência dos separatistas de um referendo de autodeterminação na Catalunha.