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Estado de Minas

Militares e líderes da contestação assinam acordo para dividir o poder no Sudão


postado em 17/07/2019 08:04

Os generais no poder e os líderes do movimento de protesto no Sudão assinaram, nesta quarta-feira (17), um acordo para compartilhar o poder, após a destituição do presidente Omar al-Bashir e meses de manifestações brutalmente reprimidas.

Esta madrugada, depois de negociações que duraram toda a noite, as duas partes assinaram uma "declaração política", o primeiro passo em direção a um governo civil, a principal reivindicação do movimento de contestação.

No entanto, discussões ainda precisam ser realizadas nos próximos dias sobre outros pontos, especialmente sobre a questão da "imunidade absoluta" exigida pelos militares no poder e rejeitada pelo movimento de protesto.

Trata-se de um Conselho Soberano composto por cinco militares e seis civis, presidido por um representante militar e um civil, que será responsável pela transição por um período de pouco mais de três anos.

Os militares presidirão esta instância durante os primeiros 21 meses da transição e os civis assumirão os próximos 18 meses.

O Conselho Militar chegou ao poder após a destituição do presidente Al-Bashir pelo Exército em 11 de abril, depois de quase 30 anos à frente do país.

- "Nova era" -

Após a reunião em um hotel de luxo em Cartum, o número dois do Conselho Militar, Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como "Hemeidti" e comandante das temidas Forças de Apoio Rápido (RSF), comemorou um momento "histórico".

Depois de assinar suas iniciais no documento, afirmou que tal passo abre "uma nova era promissora de colaboração entre as forças armadas, as RSF e os líderes da gloriosa revolução sudanesa".

"Hoje assinamos a declaração política", disse Ibrhaim al-Amin, um dos líderes dos protestos. "Na sexta-feira retomaremos as negociações sobre o documento constitucional", acrescentou.

As conversas foram adiadas várias vezes nos últimos dias.

O Conselho Militar e a Aliança pela Liberdade e a Mudança (ALC), que lidera o movimento contestatório, "concluíram um acordo muito importante que constitui um passo crucial para uma reconciliação global", declarou o mediador da União Africana (UA), Mohamed El-Hacen Lebatt, depois de ter assinado o texto.

Desde o anúncio de um acordo sobre um rascunho em 5 de julho, através da mediação da UA e da Etiópia, todos os olhares se voltaram para o Conselho Militar.

No último minuto, os generais exigiram uma "imunidade absoluta" para aqueles passíveis de serem julgados pela repressão das manifestações, que abalaram o país desde 19 de dezembro.

Em 3 de junho, homens armados dispersaram violentamente um protesto de milhares de pessoas em frente ao quartel-general do Exército em Cartum. Esta operação, cujos perpetradores ainda não foram identificados, deixou 136 mortos e centenas de feridos.

Nas últimas semanas, além de um "governo civil", os manifestantes exigem nas ruas que os responsáveis pela repressão sejam julgados.

Pouco antes da reunião de terça-feira à noite, o porta-voz da Associação de Profissionais do Sudão (SPA), que faz parte dos protestos, Ismail al-Taj, foi categórico: "Rejeitamos a imunidade absoluta que os militares no poder exigem".

A criação de um Parlamento de transição e a retirada das milícias ainda presentes em Cartum e em outras cidades são questões ainda pendentes.

Na segunda-feira, protestos foram organizados em vários bairros da capital sudanesa, após a morte de um homem baleado no sudeste do país durante uma manifestação exigindo a saída das RSF de sua cidade.

Seis civis morreram "nas mãos das milícias Janjawid" desde sábado, acusou na terça um comitê de médicos.

As RSF, consideradas a personificação das milícias árabes de Janjawid que aterrorizaram Darfur no conflito que devasta esta província desde 2003, são acusadas de serem responsáveis pela repressão de 3 de junho.

"Hemeidti" nega qualquer responsabilidade dessas forças e denuncia uma tentativa de manchar sua imagem.


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