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Estado de Minas

Busca por menina brasileira levada por rio no México continua nesta quinta

Menina de 2 anos desapareceu dos braços da mãe durante travessia do Rio Grande, na fronteira do México, na noite de segunda-feira


postado em 04/07/2019 07:21 / atualizado em 04/07/2019 07:35

Mergulhadores vasculham leito do Rio Grande, onde a correnteza é considerada perigosa: menina estava presa à mãe e envolta em uma manta (foto: CBP/Divulgação)
Mergulhadores vasculham leito do Rio Grande, onde a correnteza é considerada perigosa: menina estava presa à mãe e envolta em uma manta (foto: CBP/Divulgação)
Noite de 1º de julho, segunda-feira. Quando foi abordada por homens da US Customs and Border Patrol (CBP) — a agência dos Estados Unidos responsável pelas fronteiras —, a mulher haitiana já estava em solo norte-americano. O sonho de uma vida nova terminou em dor e em pesadelo. Ela revelou aos agentes que a filha se perdera durante a travessia do Rio Grande. A menina, de 2 anos, tem nacionalidade brasileira. 
Eduardo Javier Martínez Adán, subdiretor da Direção de Defesa Civil e dos Bombeiros de Ciudad Acuña (estado de Coahuila), contou ao Correio que as buscas foram encerradas nessa quarta-feira e disse ser impossível encontrar a criança com vida. “O incidente ocorreu entre 21h30 e 22h de segunda-feira (entre 23h30 e meia-noite, em Brasília). Um grupo de 30 pessoas de diferentes nacionalidades tentou cruzar o rio, entre eles o casal de haitianos e a filha, nascida no Brasil. A mãe carregava a criança presa às costas por uma manta. A correnteza acabou por remover a manta e levou a criança”, relatou.

A reportagem falou com Eduardo por volta das 18h30 dessa quarta-feira — ele tinha acabado de deixar a área do Rio Grande, finalizando o segundo dia de buscas. A operação de resgate mobiliza 10 homens da CBP, seis bombeiros de Ciudad Acuña e cinco integrantes dos Grupos Beta, órgão de proteção aos ilegais mantido pelo México. “Além de uma  lancha dos Grupos Beta, utilizamos um helicóptero e dois aerobotes. O que sabemos sobre a menina é que ela vestia uma roupa vermelha. Esperamos resgatar o corpo nesta quinta-feira”, afirmou o subdiretor. 

A equipe conta com mergulhadores e com um minissubmarino operado remotamente. No local da tragédia, o Rio Grande tem profundidades que variam de 10cm a 2m. “Existe uma represa que abre as comportas à noite, o que o torna ainda mais perigoso”, acrescentou Eduardo.

“Sempre que uma criança se perde é um trágico evento. Não posso imaginar a angústia que os pais dessa garota devem estar sentindo. Eu espero que nossos esforços de buscar sejam recompensados com um resultado positivo”, declarou Raul L. Ortiz, chefe da patrulha da CBP no Setor Del Río (Texas). Nenhum dado adicional a respeito da criança ou da família foi divulgado. “Nós mantemos uma campanha contínua para alertar contra os perigos de cruzar a fronteira ilegalmente”, informou a CBP.

Consultado pelo Estado de Minas, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou que acompanha o caso por meio do Consulado-Geral do Brasil em Houston. Em respeito à privacidade dos envolvidos, se recusou a fornecer  informações adicionais. No último dia 24, no mesmo rio, a imagem dos corpos de pai e filha de 2 anos, salvadorenhos, chocou o mundo.

Tima Kurdi, tia de Alan Kurdi, o menino de 3 anos morto na travessia do Mediterrâneo, em 2015, lamentou o incidente com a brasileira. “Essas pessoas estão fugindo da guerra ou da pobreza e têm direito a buscar asilo. Nós precisamos nos focar nas raízes dos motivos pelos quais inocentes fogem de casa. É tão triste que o mundo veja imagens de migrantes mortos e, ainda assim, fique em silêncio”, desabafou à reportagem.

Superlotação
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) advertiu sobre os riscos provocados pela superlotação nos centros de detenção de imigrantes ilegais no Texas. “Estamos preocupados com a superlotação e a permanência prolongada, que representam um risco imediato para a saúde e a segurança dos agentes e oficiais do DHS, assim como para os detidos”, destaca o documento. 

Em maio, 144 mil pessoas foram detidas por agentes da CBP, mas não há espaço suficiente nos centros. Segundo o dossiê, crianças com menos de 7 anos desacompanhadas aguardam pela transferência por até duas semanas, quando deveriam ser entregues a responsáveis ou a agências governamentais em 72 horas. Entre as condições que violam os padrões do DHS, estão a falta de lavanderias, de chuveiros e de comidas quentes, além da impossibilidade de mudança de roupa.


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