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Estado de Minas

Michel Temer, a queda de um sobrevivente da política brasileira


postado em 21/03/2019 15:46

Michel Temer passou três décadas nos bastidores da política brasileira até chegar ao poder após o impeachment de Dilma Rousseff. Ele sobreviveu a quase tudo, até mesmo a uma impopularidade recorde em seu breve mandato, mas aos 78 anos o experiente estrategista foi vítima das alegações de corrupção que ofuscaram sua presidência.

Menos de três meses depois de deixar o Palácio do Planalto, o ex-presidente foi preso nesta quinta-feira, em São Paulo, a pedido do juiz Marcelo Bretas, encarregado da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

É a queda de um verdadeiro conhecedor dos sinuosos bastidores de Brasília e que, após seus dois anos e sete meses de mandato, se tornou o segundo ex-presidente do Brasil a ser preso em menos de um ano, após a prisão em abril passado de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

Impossível pensar em algo assim em 2016, quando o então discreto vice-presidente de Dilma Rousseff ganhou os holofotes após o impeachment da petista por fraudar as contas públicas.

Embora seu breve mandato tenha sido ofuscado por alegações de corrupção e marcado por uma imagem distante que nunca conseguiu se conectar com uma população exausta de escândalos e da crise, ele estava convencido de que seria lembrado como o presidente que tirou o país da recessão econômica.

Em um café da manhã em dezembro com correspondentes estrangeiros, Temer lembrou que, pouco depois de assumir o cargo, alguém havia dito a ele: "Presidente, aproveite sua impopularidade e faça tudo que o Brasil precisa".

"E eu fiz isso. Serei lembrado como alguém que não se importava com o populismo, porque quem se importa com o populismo não faz o que eu faço", afirmou.

Essa imagem, no entanto, competia com a de ser o primeiro presidente do país em exercício a ser denunciado por um crime comum, além de ter batido todos os recordes de impopularidade desde o fim da ditadura militar.

Uma pesquisa Ibope de dezembro indicou que Temer deixa o governo com um índice de confiança de 7%. Em junho, o Datafolha o situava em 3%.

Filho de imigrantes libaneses, Temer casou-se três vezes. Atualmente, está casado com Marcela Tedeschi, uma ex-participante de concursos de beleza 43 anos mais nova que ele.

Com ela teve o seu quinto filho, Michelzinho, de nove anos, muito ativo no YouTube, onde costuma colocar vídeos - alguns em tom de humor - protagonizados por ele.

Com a sua primeira esposa teve três filhas. Mais tarde, da relação com uma jornalista, teve o primeiro filho homem.

- Reformas truncadas -

"Tudo o que o Brasil precisa" era, em sua visão, reorganizar as contas públicas com duros cortes para restaurar a confiança dos investidores, em um país mergulhado em uma grave recessão econômica.

Em seu primeiro ano, conseguiu que o Congresso aprovasse o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e uma reforma da lei trabalhista. Também abriu o setor petroleiro à iniciativa privada.

Mas deixou pendente a reforma da previdência, considerada a mais importante para a recuperação fiscal.

O impulso se viu afetado em 17 de maio de 2017, quando o jornal O Globo divulgou uma gravação de Joesley Batista, um dos controladores da holding J&F;, acionista majoritária da JBS, na qual Temer parecia endossar um pagamento de propinas.

Em 26 de junho, o então procurador-geral Rodrigo Janot o denunciou por corrupção passiva e em 14 de setembro o acusou de ser chefe de uma "organização criminosa".

Mas em ambos os casos, Temer, há mais de três décadas no MDB e três vezes presidente da Câmara dos Deputados, colocou toda a sua capacidade de manobra na missão de sobreviver na presidência.

E conseguiu, dado que os deputados rejeitaram os pedidos do Supremo Tribunal Federal (STF) de investigar as denúncias.

Antes de deixar a presidência, a procuradora-geral Raquel Dodge (que substituiu Janot em 2017), o denunciou por corrupção e lavagem de dinheiro pela assinatura de um decreto que teria beneficiado algumas empresas do setor portuário.

- Futuro sem foro -

A situação de Temer mudou em 1º de janeiro deixou de contar com o foro privilegiado e seus casos passaram para as mãos dos tribunais de primeira instância.

Temer sempre se declarou inocente e atribui as acusações a uma conspiração que queria, entre outros objetivos, frear as suas reformas.


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