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Estado de Minas

Trump deixa Hanói com um fracasso nas negociações com Kim Jong Un


postado em 28/02/2019 17:22

A cúpula entre Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong Un, focada no tema da desnuclearização, terminou abruptamente nesta quinta-feira em Hanói sem acordo porque, segundo o presidente americano, Pyongyang queria a suspensão de todas as sanções.

O objetivo da cúpula era finalizar os resultados de sua primeira reunião histórica, realizada em junho em Singapura, mas Kim e Trump não conseguiram chegar a um acordo sobre a declaração conjunta inicialmente planejada.

"Às vezes você tem que ir adiante, e este é um desses momentos", declarou Trump à imprensa ao final da reunião.

"Basicamente, eles queriam o levantamento de todas as sanções e nós não poderíamos fazer isso".

Em uma rara coletiva de imprensa em Hanói, o chanceler norte-coreano, Ri Yong Ho, garantiu que Pyongyang fez uma "oferta realista" na cúpula e que a Coreia do Norte buscava um levantamento parcial das sanções.

Pyongyang se ofereceu para "desmantelar permanente e completamente todas as usinas de produção nuclear" de seu complexo de Yongbyon se Washington retirasse as sanções que "são obstáculos à economia civil e ao sustento do nosso povo", afirmou.

O presidente americano tinha insistido, no entanto, que estava otimista que os avanços alcançados antes e durante a cúpula os tinham deixado "em uma posição de obter um resultado muito bom no futuro".

"Eu prefiro fazer certo do que fazer isso rápido", enfatizou.

Trump disse que Kim prometeu não retomar os testes balísticos ou de mísseis nucleares, mas disse que uma terceira cúpula com o líder norte-coreano não está planejada por ora, apesar da boa relação que os dois teriam.

"Nós gostamos um do outro. Existe uma cordialidade que eu espero que continue, e acho que vai", disse ainda.

- "Fracasso importante" -

O resultado de Hanói ficou longe das expectativas expressadas antes da reunião, depois de um primeiro encontro que, segundo seus críticos, foi formal e vago em conteúdo.

"É um grande fracasso", tuitou Joe Cirincione, presidente do Fundo Ploughshares, uma fundação para a paz. "Mostrou o limite das cúpulas, sem tempo ou pessoal suficiente para trabalhar em um acordo", acrescentou.

Os dois líderes deixaram o hotel em Hanói, onde a cúpula foi realizada, depois que a cerimônia de assinatura pública foi suspensa e Trump antecipou em duas horas sua entrevista coletiva, levantando dúvidas sobre o progresso alcançado.

No início deste segundo dia de negociações, ele já havia dito que não estava com pressa de chegar a um acordo sobre o programa nuclear da Coreia do Norte. E deixou o Vietnã sem esse acordo.

Seul lamentou um "resultado infeliz", mas observou "progresso significativo".

A bordo do Air Force One, Trump falou com os mandatários japonês e sul-coreano, Shinzo Abe e Moon Jae-in. "Disse-lhes que o diálogo vai continuar", informou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

A primeira cúpula Trump-Kim em Singapura, há oito meses, concluiu com uma declaração vaga sobre "a desnuclearização da península norte-coreana", mas sem compromissos concretos, e os analistas consideraram necessário avançar neste novo encontro.

Desde junho, a discordância entre os dois líderes sobre o significado desta declaração levou a um impasse.

Kim disse nesta quinta-feira que estava disposto a eliminar armas nucleares. "Se eu não estivesse, não estaria aqui", respondeu a um repórter quando perguntado a respeito.

A Coreia do Norte está sujeita a inúmeras sanções devido ao seu programa nuclear, motivo de um pico de tensões em 2017, antes de alcançar uma distensão.

Kim Jong Un havia prometido na capital vietnamita "alcançar um ótimo resultado".

Entre as questões em discussão estava a abertura de um escritório de interesse, o que representaria um primeiro passo na normalização das relações.

Quando perguntado sobre isso, Kim respondeu: "Eu acho que é algo que valeria a pena dar as boas-vindas".

Kim ter respondido à pergunta de um jornalista estrangeiro é um gesto que se acredita ser sem precedentes para o líder de uma nação em que todos os aspectos de suas aparições públicas são controlados.

- Meu amigo Kim Jong Un -

O presidente americano trabalha sob pressão a respeito do programa nuclear norte-coreano, no qual seus antecessores falharam.

Fazer avanços diplomáticos permitiria que ele desviasse a atenção do que está acontecendo em Washington, onde seu ex-advogado Michael Cohen fez um testemunho explosivo diante do Congresso.

Horas antes do encontro, Trump novamente prometeu a seu "amigo Kim Jong Un" um desenvolvimento econômico espetacular se a Coreia do Norte renunciasse ao seu arsenal nuclear, dando como exemplo o caso do Vietnã, um país comunista que abraçou a economia de mercado e deixou para trás o confronto com os Estados Unidos.

"O Vietnã está progredindo como poucos lugares no mundo, a Coreia do Norte faria a mesma coisa - e muito rapidamente - se decidisse se livrar de seu arsenal nuclear", escreveu Trump no Twitter, evocando um futuro incrível para o hermético regime, atualmente alvo de inúmeras sanções internacionais.

Trump recorreu durante meses a uma dupla estratégia em relação à Coreia do Norte, elogiando de um lado o potencial econômico do país, enquanto, por outro lado, se recusava a aliviar as sanções contra Pyongyang.

Os Estados Unidos pediram repetidamente a Pyongyang que descartasse de forma completa, verificável e irreversível seu arsenal nuclear.

Mas a Coreia do Norte entende a desnuclearização em um sentido mais amplo e pede o fim das sanções internacionais e do que considera ameaças por parte dos Estados Unidos: sua presença militar na Coreia do Sul e na região em geral.


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