Um tribunal israelense ordenou a apreensão preventiva de uma parcela de terreno em Jerusalém Oriental pertencente, entre outros, aos herdeiros de Yasser Arafat, após uma queixa apresentada por uma organização israelense que quer que as autoridades palestinas e os beneficiários de Arafat sejam condenados por "terrorismo".
Esta decisão do tribunal distrital de Jerusalém, publicada na terça-feira e consultada na quarta-feira (23) pela AFP, foi tomada em nome de oito famílias cujos membros foram vítimas de ataques atribuídos aos palestinos e que exigem indenização.
A organização israelense Shurat Hadin, que quer "defender o Estado de Israel por vias legais" bem como as vítimas judias do "terrorismo", afirma pretender que terreno sirva como uma garantia de indenização caso os demandantes ganhem processos civis lançados contra a Autoridade Palestina, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e os herdeiros de Yasser Arafat.
O terreno de pouco mais de 2.700 metros quadrados está muito perto do Monte das Oliveiras, em frente à Cidade Velha de Jerusalém Oriental, parte palestina de Jerusalém anexada por Israel e considerada como um território ocupado pela ONU.
Os herdeiros de Yasser Arafat, líder histórico palestino e primeiro presidente da Autoridade Palestina que morreu em 2004, possuem apenas 0,5% da parcela (ou seja, 13,5 m2).
Contudo, o tribunal decidiu que era possível apreender a totalidade do terreno. Os herdeiros têm 30 dias para recorrer.
"É um absurdo", disse Naser al Qudwa, sobrinho de Yasser Arafat, que dirige a Fundação Arafat, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
"Yasser Arafat era o avô do terrorismo moderno [...] Nós não vamos tolerar que a sucessão de Arafat possua terras no coração de Jerusalém, em vez de pagar indenizações a suas vítimas", disse Nitsana Darshan-Leitner, presidente da Shurat Hadin.