O chanceler Ernesto Araújo prometeu nesta quarta-feira reverter a globalização e "libertar a política externa brasileira" de suas amarras ideológicas, em seu discurso de posse.
"Vamos lutar para reverter o globalismo e empurrá-lo de volta a seu ponto de partida", disse o novo ministro das Relações Exteriores em cerimônia no Palácio do Itamaraty.
"Por muito tempo o Brasil dizia o que achava que devia dizer, queríamos ser o bom aluno na escola do globalismo e achávamos que isso era tudo. Éramos um país inferior", declarou Araújo, que compartilha com Bolsonaro uma rejeição visceral aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que segundo o chanceler introduziram "o marxismo cultural" na diplomacia brasileira.
Araújo, que fez citações em grego, latim, tupi e espanhol, deixou claro que o governo Bolsonaro significará um ponto de inflexão na tradicional diplomacia do maior país da América Latina.
O chanceler citou os governos que admira, quase todos integrantes da onda antiglobalizadora e conservadora que percorre o mundo: Estados Unidos, Israel, "os países latino-americanos que se libertaram do Foro de São Paulo, Itália, Hungria e Polônia.
"A nossa evidente tendência nacionalista não vem de nenhuma vontade de isolamento, ela e um movimento sobretudo de alto conhecimento", disse o chanceler.
"Para não ter medo, vamos ler menos Foreign Affairs e mais Clarice Lispector ou Cecília Meireles, vamos ler menos New York Times e mais José de Alencar e Gonçalves Dias, vamos escutar menos CNN e mais Raul Seixas".
"Admiramos os que lutam contra a tirania na Venezuela e em outros lugares", acrescentou Araújo, que se comprometeu a desburocratizar as embaixadas e a promover as representações comerciais para dar ao Itamaraty "o perfil mais elevado que jamais teve".
