O centro de Budapeste foi palco nesta sexta-feira (14) de uma terceira noite consecutiva de protestos contra o presidente húngaro Viktor Orban, após a adoção na quarta de uma polêmica flexibilização da lei trabalhista húngara.
Reunidas em frente ao parlamento, entre 2.000 e 3.000 pessoas, a maioria entre 20 e 30 anos, mais uma vez desafiaram as forças de segurança, atirando garrafas de vidro contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo, disseram os jornalistas da AFP.
Organizada informalmente pelas redes sociais, como nos dias anteriores, essa manifestação mobilizou representantes da oposição de esquerda e de direita. Esses dois campos juntaram suas vozes em um evento sem precedentes na quarta-feira para tentar barrar a nova legislação.
A nova lei prevê que as empresas autorizadas peçam aos seus funcionários que façam até 400 horas-extras por ano - isto é, o equivalente a dois meses de trabalho - pagáveis dentro de três anos.
Apresentada pelo primeiro-ministro conservador nacional, Viktor Orban, como uma maneira de permitir que os trabalhadores aumentem sua renda, enquanto responde à necessidade de mão-de-obra na indústria automobilística, essa legislação é chamada de "lei dos escravos" pela oposição.
Além das exigências de revogação dessas leis, os manifestantes estenderam sua indignação contra o próprio primeiro-ministro, gritando slogans como "Orban, vá embora".
Durante as duas primeiras noites, 51 pessoas foram presas e 14 policiais ficaram levemente feridos, segundo dados oficiais.
A imprensa pró-governo tratou os manifestantes como "mercenários de Soros", nome do bilionário americano liberal de origem húngara, George Soros, que se tornou o principal inimigo de Orban.
Uma manifestação planejada no domingo em Budapeste recebeu apoio de partidos de oposição e sindicatos e pode reunir dezenas de milhares de pessoas, segundo seus organizadores.