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Estado de Minas

Bolsonaro quer acabar com demarcação de terras indígenas


postado em 06/11/2018 00:01

O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira que seu governo se oporá a novas demarcações de terras indígenas, na véspera de viajar a Brasília para iniciar o processo de transição.

Em entrevista à rede Bandeirantes, Bolsonaro falou sobre diversos temas polêmicos, como a participação do Brasil no Mercosul, a possível extradição à Itália do ex-militante de esquerda Cesare Battisti ou o papel dos professores nas escolas.

"No que depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena. Temos um área maior que a região sudeste de terra indígena e qual é a segurança para o homem do campo? O fazendeiro pode acordar hoje e de pronto ter conhecimento de que via portaria ele vai perder sua fazenda para nova terra indígena".

"As reservas foram superdimensionadas. O que pretendo, se houver amparo legal, é que como o índio é um ser humano igual a nós, ele quer evoluir, ter energia elétrica, médico, dentista, internet, jogar um futebol, ter um carro, quer viajar de avião, porque ele quando tem contato com a civilização ele rapidamente vai se moldando à nova maneira de viver que é bem diferente e melhor do que a dele".

"O índio não pode continuar sendo preso dentro de um área demarcada como se fosse um animal dentro de um zoológico...", disse Bolsonaro.

- Placas do Mercosul -

Na mesma entrevista, o presidente eleito declarou que se opõe à implementação no Brasil das placas de veículos unificadas do Mercosul, bloco ausente de suas prioridades.

"Essas placas não são de interesse nacional (...) No que depender de mim, vamos colocar um ponto final nisso se houver uma forma legal e se realmente for a melhor opção".

O acordo de integração nessa questão data de 2010 e a implementação estava prevista para 2016, mas o Brasil iniciou o processo de mudança das placas para o padrão Mercosul apenas em setembro, depois de adiá-la três vezes. O prazo de adequação vai até dezembro de 2023.

Argentina e Uruguai que, junto com Paraguai e Brasil formam o bloco comercial, já usam o modelo unitário de placas, que tinha por objetivo facilitar a circulação e criar um banco de dados conjunto.

"Pedi um estudo mais acurado (...) Acredito que essa unificação de placas do Mercosul só vai trazer transtornos para nós e mais despesas para os proprietários de veículos", assinalou Bolsonaro.

- Extradição de Battisti -

O futuro presidente reafirmou que pretende extraditar o ex-militante de esquerda Cesare Battisti, 63 anos, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios na década de 1970, dos quais se declara inocente.

"Se depender de mim, volta para a Itália sim, imediatamente. Vai depender do STF esta decisão, pelo que temos conhecimento", disse Bolsonaro, que nesta segunda-feira recebeu o embaixador da Itália em sua residência no Rio de Janeiro.

Battisti passou cerca de 30 anos como fugitivo entre México e França, até fugir para o Brasil, em 2004.

Em 2010, a justiça autorizou sua entrega à Itália, mas o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, lhe concedeu o status de refugiado político.

Nesta segunda-feira, a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que se pronuncie rapidamente sobre a possível extradição do italiano.

Bolsonaro também reafirmou seu plano de transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, acompanhando os passos do presidente americano, Donald Trump.

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse à AFP que vai se esforçar para reverter o que espera ter sido "apenas um anúncio de campanha".

"Temos esperanças de que (Bolsonaro) mantenha a posição tradicional do Brasil respeitosa das resoluções da ONU referentes ao tema", disse Alzeben, à frente da representação palestina no Brasil desde 2008.

Na mesma entrevista, Bolsonaro defendeu que alunos filmem seus professores, como havia aconselhado uma deputada de seu partido, o PSL, para combater o que consideram "doutrinação" escolar.

"Eu sou professor de educação física também, pode filmar, não vejo problema algum", afirmou em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, quando questionado se essa prática não pode ser considerada autoritária.

"Acho que professor tem que se orgulhar" caso um aluno pergunte "'Professora, posso filmar tua aula?' para ver em casa novamente. Eles têm que se orgulhar disso aí e não ficar preocupados".

- "Carta branca" para Sérgio Moro -

Na entrevista, Bolsonaro revelou ter dado "carta branca de 100%" ao juíz Sérgio Moro - seu futuro superministro da Justiça - para o combate "à corrupção e ao crime organizado", acrescentando que em questões que forem "antagônicos" se buscará um "meio termo", em referência a seus planos sobre a flexibilização da posse e do porte de armas.

Além de Sérgio Moro, a nomeação de maior impacto midiático, Bolsonaro já escolheu o astronauta Marcos Pontes, para a pasta da Ciência, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro para a Defesa; o deputado Onyx Lorenzoni para a Casa Civil e o economista liberal Paulo Guedes para a Fazenda.

Jair Bolsonaro desembarca nesta terça-feira em Brasília para iniciar o processo de transição, que inclui seu primeiro encontro com o presidente Michel Temer.


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