O ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, voltou a advertir a União Europeia de que o Reino Unido não pagará toda a conta do divórcio se não for alcançado um acordo sobre sua saída do bloco.
Uma das consequências de tal cenário "é evidentemente que não pagaremos o dinheiro que foi estabelecido no âmbito do acordo de saída", disse o ministro à rádio BBC.
Ele fazia referência ao acordo preliminar de dezembro do ano passado entre europeus e britânicos sobre o pagamento pelo governo de Londres de uma fatura de quase 39 bilhões de libras (51 bilhões de dólares, 44 bilhões de euros).
O Reino Unido "reconhecerá suas obrigações estritamente legais" a respeito da União Europeia, mas o valor final a pagar será "significativamente inferior" à quantia fixada em dezembro, completou.
"Não é uma ameaça ou um ultimato, são apenas os fatos", declarou Raab.
"Não estou dizendo nada que não tenha afirmado na mesa de negociações e que não vou declarar diretamente a nossos amigos e sócios da UE, e acredito que é algo que está claro às duas partes".
Raab considerou, no entanto, "pouco provável" que não se alcance um acordo. Mas insistiu que se isto acontecer, a UE não poderá escolher "a la carte" os elementos da negociação que considera convenientes, em particular o pagamento da conta.
Bruxelas e Londres enfrentam dificuldades para chegar a um acordo sobre as condições do Brexit.
Em um primeiro momento, os dois lados esperavam alcançar um acordo antes da reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo da UE de 18 de outubro em Bruxelas.
Mas isto parece pouco provável e muitos acreditam na organização de uma reunião de cúpula europeia extraordinária em novembro.
Na segunda-feira, o principal negociador da UE para o Brexit, Michel Barnier, considerou "realista" a possibilidade de um acordo com o Reino Unido dentro de "seis a oito semanas".
O principal obstáculo na negociação é a questão da fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, Estado membro da UE.
Tanto Londres como Bruxelas rejeitam o retorno dos controles de fronteira na região, pelo temor de que isto ameace o frágil acordo de paz na Irlanda do Norte, mas divergem sobre a forma de evitar a medida.